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Susto e Oportunidade são, realmente, excludentes?


Lendo a revista Veja de 29 de maio me deparo com uma matéria que reforça minha crença no sentido de que a melhor resposta sobre o nível de efetividade quanto à interoperabilidade e ao uso de padrões de integração será sempre dada pela sociedade.  Para tanto, ela precisa conhecer e saber o que isto representa para ela. 

No artigo, intitulado “O Susto Brasil”, fica visível que apesar dos serviços eletrônicos disponibilizados, de qualidade comprovada pela sociedade, ainda há muito a ser feito.  

Para mim, deparei com uma excelente oportunidade, não só no que se refere ao desenvolvimento de novas soluções e serviços, mas, ainda, quanto à importância em dar publicidade sobre as evidentes vantagens incorporadas a estes serviços com o uso de padrões e a interoperabilidade conquistada. 

A afirmação contida na página 92, de que “uma das características mais intrigantes do país é a falta de código, de conceito” me remete à taxonomia, um dos aspectos mais relevantes em um processo de integração.  Remete-me à experiência recente nas etapas de criação do Modelo Global de Dados – MGD, padrão para integração de dados e processos, incorporado à Arquitetura e-PING – Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico, em 2010.  

A cada nova etapa de construção do Modelo Global de Dados do Macroprocesso de Planejamento, Orçamento e Finanças ficava claro – tanto para os analistas modeladores quanto para os especialistas no negocio – os vários entendimentos quanto ao significado dos dados envolvidos e, consequentemente, de seus conteúdos, gerando baixo nível de reuso e elevado grau de redundância.   

Na medida em que se incorporava a visão de negocio ao Modelo (que corresponde a descrição de processos em alto nível), evidenciavam-se os vários entendimentos quanto a amplitude de seu próprio processo ou o desconhecimento do processo do “outro”, gerando por vezes rotas de integração de dados mais longas e, por consequência, sujeitas a problemas na integridade e qualidade de seus conteúdos.   

Se o fato pode parecer à primeira vista um problema impossível de ser resolvido, encontra no uso de conceitos comuns, padrões e taxonomias, a solução ideal.  Vimos isto recentemente no desenvolvimento do novo Sistema de Organização e Inovação Institucional do Governo Federal, ou NOVO SIORG[1]. 

Utilizando o padrão MGD, Modelo Global de Dados, para identificar as integrações existentes e as integrações necessárias já na fase inicial de seu desenvolvimento, o novo sistema primou por usar os padrões de interoperabilidade preconizados pela e-PING em todas as suas demais fases.  Em seus primeiros momentos de uso a diferença foi percebida, positivamente, pelos especialistas - servidores envolvidos nas atividades de atualização, consulta e utilização de seus dados para geração de informações diversas para gestão e tomada de decisão no âmbito do Poder Executivo. 

Para o cidadão o uso de padrões, neste caso, pode trazer como consequência desde uma maior agilidade na obtenção de informações sobre qual órgão é responsável pelo serviço eletrônico que ele precisa,  até uma maior exatidão nos dados sobre por quem e como estão sendo empregados os recursos decorrentes da arrecadação de impostos. 

E aí pergunto, quando nos deparamos com iniciativas como esta, estamos ou não de frente com uma oportunidade para dar publicidade as evidentes vantagens incorporadas aos serviços eletrônicos a partir do uso de padrões e a interoperabilidade conquistada.



No final das contas, o valor de um estado é o valor dos indivíduos que o compõem.
(John Stuart Mill, filosofo e economista inglês, 1806-1873)





[1] O sistema responde por informações de mais de 53.000 órgãos, 49.500 titulares, localização de órgãos em mais de 1.400 cidades e sua respectiva descrição detalhada de finalidades, bem como as competências de mais de 25.500 órgãos da administração publica.
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Comentários

  1. Muitas vezes nos perguntamos como soluções criadas para facilitar e qualificar as atividades dos gestores públicos podem afetar diretamente a sociedade.

    Para este questionamento encontro a resposta nesse artigo, quando cita a criação do novo SIORG. A aplicação do padrões na sua criação, evitando duplicidade de informações e ambiguidade, trouxe ao cidadão um serviço mais ágil e com mais precisão nas informações prestadas.

    Esse artigo deixa claro que precisamos divulgar as iniciativas. Não basta apenas as informação serem claras e precisas para os especialistas se o cliente final, sociedade nesse caso, não souber de sua existência.

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  2. Isabella, entendo que as partes interessadas devem ser constantemente informadas sobre os serviços eletrônicos que estão sendo disponibilizados. Questões como duplicidade e ambiguidade, bem como uso de tecnologias que não permitem integração, consomem um volume de recursos - humanos e financeiros - que poderiam estar sendo aplicados em outras iniciativas.

    Este é um dos aspectos que reforça a importância da implementação da governança - de TI e Corporativa - também no setor público.

    Obrigado pelo retorno.

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  3. Estamos sim, pois esta é a oportunidade de levarmos a sociedade o conhecimento de que estamos pensando, pesquisando e procurando melhorias não só para as organizaçãoes públicas(um serviço de segurança
    eletrônico mais eficiente, uma agilidade nas consolidações de dados para os órgãos), mas para ela própria, no seu dia a dia. Temos que deixar claro que nossos projetos tem como finalidade melhorar a qualidades dos serviços eletrônicos para o cliente final, que no caso é a socidade. Porém, precisamos nos mostrar mais, nos apresentarmos para eles de uma forma clara e objetiva de quem somos, qual nosso papel e como indiretamente estamos atuando para a melhoria das informações e dos serviços eletrônicos tão presente em nossas vidas.

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