Não
se questiona mais a abrangência operacional, gerencial
e cada vez mais estratégica da
tecnologia da informação – TI. A TI é um dos principais ativos
das organizações que estejam envolvidas no cenário da economia
digital ou que necessitem de suporte de informação nos processos de
negócio Weill e Ross [5].
A
TI pode fornecer eficiência e destaque. Pode, também, passar a ser
a principal via na produção e sistematização de informações
essenciais à organização. É imperativo que a TI seja dirigida de
forma a aumentar os investimentos, o desempenho, a minimizar os
riscos, a aumentar o valor entregue a partir do seu uso e a alinhar
os seus recursos com os objetivos da organização [2].
Este
artigo, ainda que incipiente, tem o papel principal de propor a
motivação da discussão entre os profissionais da área de TI,
auditores, executivos, gestores, analistas de tecnologia da
informação, programadores, e ainda, estudiosos do tema, que podem
utilizar a abordagem aqui apresentada como fonte para maiores
análises.
A
gestão e o conceito de governança de TI, que são temas
multidisciplinares que requerem o entendimento dos contextos
tecnológico, econômico, normativo, político, cultural e social da
organização. Diversos autores destacam a importância da
participação do homem na gestão de TI. Conforme constatado por um
levantamento realizado entre executivos de TI [1], “People
are the most critical problem”.
Contudo, classifica a gestão de TI [3] em perspectiva sociotécnica, com apoio nos seguintes procedimentos:
Contudo, classifica a gestão de TI [3] em perspectiva sociotécnica, com apoio nos seguintes procedimentos:
- - identificar um sistema de relacionamento em que há interferência dos interesses dos elementos envolvidos;
- - acompanhar a literatura quanto à identificação da interdependência da participação de pessoas nas atividades de direção, avaliação e monitoramento da TI
- - alinhar a perspectiva de análise do problema proposto com trabalhos sobre dimensão social, e sobre o uso de mecanismos relacionais. Vale anotar que Weill e Ross [5]. também identificaram que a efetividade na gestão de TI está correlacionada à participação das pessoas da organização na qual ela se efetiva. Grande parte das contribuições contempla, em alguma extensão, o balanço de interesses entre os membros da gestão de TI, quando tratam das decisões e da implementação dos componentes tecnológicos e, last but not least,
- - depois de identificar a questão sociotécnica dos sistemas de informação e da tecnologia da informação (SI/TI), demonstrar a gestão desses objetos segue uma abordagem compatível com a perspectiva adotada.
A
"Teoria Ator-Rede" (ANT), tem sua tradução inspirada na
designação francesa théorie de
l'acteur-réseau, usada pelos
próprios criadores franceses da teoria, Michel Callon e Bruno Latour
em 1981. A Rede é abstrata e é composta por atores humanos e não
humanos, tais como pessoas, artefatos tecnológicos, normas,
políticas e materiais.
A
análise realizada, demonstrou a necessidade da existência do foco
orientado ao controle do uso de TI nas organizações. E, a visão da
governança de TI se reflete nas propostas de framework . Nesta
teoria verifica-se o realce da importância das questões referentes
à participação humana, de forma a ampliar a visão sobre o
assunto. Soma-se a isto, a análise da governança organizacional dos
sistema de informação e tecnologia da informação discutida, que
indica que a governança de TI pode ser abordada numa visão
sociotécnica. Desta forma, questões técnicas e não técnicas são
analisadas em conjunto, no contexto de Governança de TI. A
Governança de TI, passa a ser encarada como uma rede social
heterogênea que conecta pessoas (colaboradores, gestores, diretores,
desenvolvedores) e materiais (sistemas de informação, intra
tecnológica, regras, normas, políticas e treinamentos). Então a
rede social existe quando as pessoas interagem com outras pessoas e
equipamentos. Os equipamentos são mediadores das ações e tarefas
das pessoas e são essenciais para a formação da rede. Depois que a
Rede se configura, a governança de TI pode estabelecer estruturas,
processos e mecanismos para que os atores atuem conforme estabelecido
pela corporação. Assim, o maior valor da ANT está na
capacidade de ajudar a analisar complexas situações sociotécnicas
em que humanos interagem com não humanos e tornam-se dependentes.
Como resultado, o que é considerado inovação, e maior contribuição
desse trabalho reside na exploração dos princípios, vocabulários
e método proposto pela ANT na lida de ações de natureza
sociotécnica da Governança de TI.
A
ANT possibilita análise buscando o equilíbrio dos interesses entre
os atores de uma rede, independentemente da sua natureza
(tecnológica, política, humana). Embora a rede seja considerada
abstrata, os atores interagem, formam relação de dependência e
formam alianças. Em essência, a designação ANT evoca em
simultâneo "atores que são redes" e "redes
constituídas por atores".
No
meu entender, são sinais positivos sobre a proposta de utilização
da Teoria Ator-Rede na governança de TI. Entretanto, é
necessário seguir adiante, no sentido de propor a evolução do
enquadramento, aqui proposto. A utilização da ANT como modelo de
implantação de governança de TI requer um conhecimento mais
detalhado e aprofundado sobre os seus princípios, conceitos,
vocabulário e, sobretudo, o seu uso.
Apesar
da especificidade do escopo dessa pesquisa e a limitação do tempo
de execução, vimos a possíbilidade de trabalhos futuros. Tais
como:
- A criação de um site ou portal web com a descrição de passo-a-passo, um roteiro, para auxiliar a implantar a Teoria Ator-Rede na governança de TI, tendo em conta as diversas particularidades da corporação, onde fosse possível o usuário ter a ajuda para elencar os atores da rede, com as associações e suas participações, identificando soluções sob a ótica do ator focal para criar ponto de passagem obrigatória.
- Aplicação em casos concretos, efetuando pesquisas e estudo de casos em empresas de TI, brasileiras. Os pesquisadores brasileiros carecem de instrumentos que possam auxilia-los nas propostas técnicas e práticas.
- Incorporação da proposta de ANT, abordada neste trabalho, no COBIT.
Co-autores
: Prof. Edilberto Strauss – PhD
Prof.
Flávio de Mello - PhD
Fontes
:
[1]
Callon, M. (1986) Some elements of a
sociology of translation: Domestication of the scallops and the
fishermen of saint brieuc bay, In J. E. P. Law (Ed.), Action and
belief: A new sociology of knowledge? Sociological review monograph
Routledge.
[2]
Latour,B. (2012) A vida de
laboratório: a produção dos fatos científicos
[3]
Laudon, K. C. and Laudon, J. P. (2000) Management
Information Systems, Prentice Hall.
[4]
Watson, N. (2004)
Background
paper on socio-technical theory, available:
https://www.sonoma.edu/phpbb/viewtopic.php?p=332&sid=d04e94067bded6533e607232a556a433
[5]
Weill, P. and Ross, J. (2006) Governança
de TI: como as empresas de melhor desempenho administram os direitos
decisórios de TI na busca por resultados superiores, (R. M. d.
Santos, Trans. 1 ed., Mbooks do Brasil, São Paulo,
Brasil. http://www.mbooks.com.br/cgi-bin/e-commerce/busca_e-commerce.cgi?lvcfg=mbooks&action=saibamais&codigo=384780
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