Vivemos
na era das crescentes revoluções, sendo a principal delas a digital. A
contabilidade, sendo uma ciência essencialmente social, tende a acompanhar
estas mudanças no intuito de se adaptar a estes novos tempos. Após os recentes
escândalos onde foram envolvidos as grandes corporações internacionais, muitas
delas sede da confiança dos mercados financeiros, fora necessário além de se
criar uma linguagem financeira única, também um formato unificado para envio de
relatórios financeiros, de forma a permitir sua emissão aos órgãos reguladores
com integridade e confiabilidade.
A
partir deste contexto surgiu o padrão hoje adotado no Brasil, chamado de XBRL.
Segundo
o professor Reinaldo Luiz Lunelli, o XBRL (na sigla em
inglês Extensible Business Reporting Language) é uma tecnologia criada por um
contador americano, em 1998, que permite a automação do processo de divulgação
de envio e recepção de relatórios semanais, mensais ou anuais, seja das
pequenas, médias ou grandes empresas, a respeito da posição econômica
financeira e contábil. Ele não pretende alterar o conteúdo das informações, que
já são enviadas a órgãos reguladores e do governo, mas permitirá uma conversão
para essa tecnologia que qualquer sistema, em qualquer língua, poderá
compreender. No Brasil, será adotado, pela primeira vez, pelo Governo Federal,
através da Secretaria do Tesouro Nacional, no sistema chamado SICONFI -Sistema
de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público. Esta ferramento visa
substituir o SISTN - Sistema de Coleta de Dados Contábeis do Entes da
Federação. Isto ocorreu em virtude, principalmente, do fato da STN receber
diversos documentos destes Estados e Municípios em formatos que ou vinha
corrompidos ou não abriam. A diferença entre os sistemas reside no fato que o
SICONFI utiliza o padrão XBRL.
A
taxonomia brasileira , aplicada ao setor privado, foi criada pela equipe
TECSI/FEA/USP e está em processo final de validação pelo XBRL International
Institute (EUA). A Jurisdição Brasileira é a primeira a ser criada na América
Latina e está sob a responsabilidade do Conselho Federal de Contabilidade. No
que concerne ao setor público, a taxonomia já foi criada e está sendo
implementada pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Portanto,
resumidamente podemos afirmar que uma taxonomia XBRL é um dicionário
estruturado que explica o conjunto de conceitos utilizados por um país, um
grupo de países ou um domínio particular (bancos, seguradoras, bolsa de
valores). As taxonomias permitem criar os documentos XBRL, as instâncias, que
contêm fatos (os dados contábeis e financeiros) que são assim trocados pelas
empresas e as organizações envolvidas (bancos, bolsas, seguradoras, organismos
de controle financeiro e organizações estatísticas).
Nas
próximas postagens, estaremos aprofundando sobre as interações do XBRL e a
contabilidade.
* Amanda Costa
Nascimento Rique é contabilista, pós graduada em auditoria pública com ênfase
em gestão pública, analista financeira do SERPRO e suplente do SGT XBRL do
governo federal.
* Reinaldo Luiz Lunelli
é contabilista, auditor, professor universitário, autor de diversos livros e
membro da redação dos sites Portal Tributário e Portal da Contabilidade.
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