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O minimalismo que ajuda a compreensão da complexidade



Há poucos dias estive pensando sobre as grandes normas internacionais. Grandes não no sentido de número de páginas, mas sim no impacto que exercem no mercado. Ao olhar a lista das normas mais populares da ISO (em destaque na página principal do site em http://iso.org) e outras de grande adoção dentro da área de TI, fiquei curioso em saber sobre o tamanho (em páginas) e ver como normas tão amplamente adotadas lidam com a complexidade de cada área.

Para minha surpresa, a maioria dessas normas possui um número bastante limitado de páginas:

  • ISO 9001:2015 Quality management systems – Requirements: 29 páginas
  • ISO 31000:2009 Risk management – Principles and guidelines: 24 páginas
  • ISO/IEC 27001:2013 Information technology -- Security techniques -- Information security management systems – Requirements: 23 páginas
  • ISO/IEC 38500:2015 Information technology -- Governance of IT for the organization: 12 páginas

Essas normas são, normalmente, baseadas em conceitos e requisitos fundamentais de uma área de conhecimento. É impressionante ver que a ISO 9001, aquela que geralmente as pessoas chamam simplesmente de “ISO”, tem apenas 29 páginas e são necessários meses de adaptação de processos de gestão para sua implantação, com resultados claros e benéficos para empresas de uma quantidade enorme de indústrias. É igualmente impressionante constatar que a ISO/IEC 27001, aquela normalmente referida como a norma de segurança da informação, tem apenas 23 páginas. E o que falar então da ISO/IEC 38500, que fala sobre a governança de TI? Esta é o ápice do minimalismo, com apenas 12 páginas.

Para quem se aventura a ler o que está escrito nelas, fica aquela impressão de que estão simplesmente falando sobre o óbvio, mas é inegável perceber que mesmo o óbvio nem sempre é observado pela maioria de empresas.

Na minha opinião, o resultado mais importante decorrente deste minimalismo, é a possibilidade de as empresas poderem utilizar qualquer método ou conjunto de processos que produzam os resultados esperados para as recomendações. Estipula-se a razão para se implantar um objetivo, define-se os resultados esperados para a obtenção dos objetivos, mas deixa-se que as empresas determinem os métodos e processos mais adequados para se alcançar os objetivos. A seleção dos métodos e processos necessários passa a ser governado pela qualidade com que gera os resultados e as evidências que são necessárias para um processo de certificação e verificação, por parte da alta direção da empresa, da eficácia de sua implantação. Isso também assegura que as práticas têm flexibilidade suficiente para serem adotadas por diversos tipos de indústria.

O que se vê, então, é que o minimalismo dessas normas acaba sendo sua grande força para adoção. É o minimalismo a serviço da compreensão da complexidade.
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Comentários

  1. Olá, Fernando. Ótima reflexão. Se pudéssemos trazer para as nossas normas internas o caráter mais conceitual e genérico (com uma ênfase maior em princípios, ao invés de procedimentos), replicando o espírito com que são criadas as normas internacionais, talvez estivéssemos em melhor situação. A questão aqui me parece ser mais cultural, entremeada com um viés legalista. O fato é que, ao menos no Brasil, enquanto o empresário pode fazer tudo o que não está nas leis, o pobre diabo do Gestor Público, essa figura por vezes tão injustamente atacada, SOMENTE pode fazer o que a lei determina, uma imposição que certamente se reflete nas normas internas, engessando ainda mais um arcabouço normativo complexo e normalmente desatualizado. Pior: atreva-se a inovações mais contundentes e o seu CPF será alvo de cartinhas nada amistosas dos Órgãos de Controle, algo que só faz reforçar o círculo da burocracia exacerbada. Por aqui, na Finep, estamos buscando fazer com que os processos, modelados em nível de detalhe suficiente, comandem a confecção das normas, as quais se aterão aos aspectos mais gerais. É um início.

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  2. Grande Gebara,

    Entendo a estranheza mas vale lembrar que as normas apontam para o que deve ser feito e não como fazer. Outras normas como a ISO/IEC 20000 quebram um pouco mais isso em áreas de interesse e especialização, mas também está no o que é não no como.

    Creio que o JTC 1 SC 40 tem muito a oferecer e vale se aprofundar nessas normas.

    http://www.iso.org/iso/home/store/catalogue_tc/catalogue_tc_browse.htm?commid=5013818

    Cordiais,

    Rubinato

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