(Imagem: http://hugojhoaz.blogspot.com.br/)
Estou
lendo um ensaio que há algum tempo estava na fila de leitura, do famoso autor
Umberto Eco, chamado Obra Aberta, no qual o mesmo explora cientificamente a Obra
de Arte e a dinâmica da relação entre o autor e o observador do objeto
artístico. Eco descreve como o observador traz toda uma bagagem cultural,
sensorial e intelectiva para “interpretar” a poética transmitida pelo artista.
O autor, em sua pesquisa, analisa obras concebidas com uma aparente
univocidade, passando por produções já com uma simbologia mais aberta,
chegando às obras contemporâneas
deliberadamente abertas, nas quais os autores convidam os fruidores a
interferirem e co-criarem o objeto artístico,
se tornando, por sua capacidade de
assumir estruturas infinitas, Obras em Movimento.
Foi impossível,
para mim, não fazer um paralelo com o mundo dos processos organizacionais.
Quando
inauguramos um projeto de melhoria de processos e iniciamos as atividades de
modelagem há sempre alguém que espera que surja da análise uma solução mágica a
ser proposta unilateralmente pela equipe do projeto. Há diversas questões,
neste ponto, que devem ser exploradas.
A
modelagem é uma aproximação da realidade.
Por
uma limitação de tempo e orçamento, a modelagem nunca vai ser uma representação
perfeita da realidade do processo de trabalho. A complexidade do dia a dia do
processo, levando-se em conta todas as suas dimensões, é muito grande, cabendo
ao analista fixar um escopo que traga elementos suficientes para realização da
análise.
O Analista
de Processo é especialista em BPM.
O
analista quando se debruça sobre os processos da organização, deve sempre
estudar toda a sua dinâmica, regras e relações com outros processos, no
entanto, dificilmente terá um conhecimento tão profundo quanto os especialistas
dos processos que lidam com os mesmos diariamente e há muito mais tempo.
Os
clientes devem ser envolvidos no processo de análise.
Como
já observamos em posts anteriores, o envolvimento dos clientes na análise é
essencial, não somente porque conhecem mais profundamente os seus próprios
processos, mas também são ¨contagiados¨ por um sentimento de pertencimento ao
projeto, fazendo com que se envolvam emocionalmente com a ¨obra¨ a ser
construída.
O
modelo proposto é somente um ponto de partida
Após
a análise do processo, realizada ao lado do cliente, o analista ajuda na
prospecção de soluções possíveis para a melhoria do processo, formando uma
Agenda de Melhoria, na qual as mudanças e os ganhos delas decorrentes estarão
descritos. Após a sua implementação e estabilização, o novo modelo deverá, em
tese, propiciar a almejada melhoria. No entanto, tal melhoria é somente um
ponto de partida. Se dotarmos o processo de pontos de monitoramento e o dono do
processo de mecanismos de intervenção permanente no mesmo, o processo se torna
uma Obra em Movimento.
Assim
como na obra de arte, nos projetos de intervenção em processos quanto maior a
interação entre o analista de processos e seus clientes, mais rico será o
resultado alcançado e maior a chance de sucesso do projeto de BPM.
Até a
próxima!
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