É mesmo louvável, ainda que tardio, que estejamos finalmente nos preocupando, reivindicando, nossos direitos quanto ao acesso a informações públicas. Por isso, minha série de postagens que se iniciaram com a definição do que é “ser transparente”. Com a aprovação da LAI, o Brasil garantiu ao cidadão o acesso amplo a qualquer documento ou informação produzido ou custodiado pelo Estado (que não tenha caráter sigiloso ou pessoal), ainda que a infraestrutura não seja suficiente para o provimento deste acesso e que ainda existam algumas entidades reticentes quanto à sua disponibilização.
Mas certamente já nos deparamos com a seguinte questão: Eu tenho em minhas mãos um conjunto de dados. O que faço com isso? Como entendê-los? Como usá-los?
O problema é que dados sem um relacionamento semântico entre eles são, sem desmerecimento algum, somente dados.
O que me falta mesmo é informação.
Parecem sinônimos, mas não são.
Dado representa um símbolo simples, atômico, não estruturado e sem relacionamento com outros símbolos, que estão ocorrendo (sendo manipulados), antes de serem organizados e arranjados de forma que as pessoas possam entendê-los e usá-los. Ou como diria Platão, são fatos em seu estado primário.
Um exemplo disso é o salário de um servidor público. Tão somente um dado.
Informação, por sua vez, representa símbolos processados, conceitualizados, categorizados e relacionados entre si. São dados apresentados em uma forma significativa e útil. Agregam valor além do fato em si.
Exemplo: Cargo do servidor que recebe o salário; formação; participação; identificação de gratificações, projetos nos quais ele participa, viagens relacionadas a cada projeto, resultados gerados, etc.
Todos esses dados relacionados entre si representam informações que me permitem partir para um passo seguinte importantíssimo: a geração de conhecimento. A interiorização, entendimento e personificação caracterizam o que chamamos de conhecimento. De que serve saber somente o salário de um servidor público? É muito? É pouco? Condiz com seu cargo? Qual a relação entre o seu salário e o de outros cargos e funções? O que significam gratificações, DASs, etc? Estão corretas para o cargo que ele exerce? O que ele, como servidor público, tem exercido dentro da sua função?
É preciso muito mais que o “dar acesso aos dados”, é preciso dar a estes dados as formas de uso adequadas, a qualidade necessária, e as formas de entendimento que o cidadão necessita. E isso se faz gerando conhecimento.
A partir do processamento das relações entre os dados gerando informação, as pessoas serão capazes de contextualizar, analisar, interpretar, personalizar, enfim! Formar opinião própria.
Conhecimento empodera o cidadão!
A partir deste é possível gerar mais conhecimento, explicar e explicitá-lo através de informações codificando-o através de dados e seus relacionamentos. É isso que eu quero.
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