Transparência Organizacional
O que isso tem a ver com Arquitetura Corporativa
?
Parte I
Desde 2011 venho trabalhando com o
tema de Transparência Organizacional dentro da Universidade. Já no mercado a
visão de Arquitetura Corporativa é o que norteia a realização de qualquer
serviço, consultoria ou produto que construímos.
E há algum tempo eu já pensava que
essas duas coisas têm tudo a ver!
Por isso nessa série de artigos (ainda
não sei quantos – tsc tsc totalmente sem transparência !) vou falar a
minha visão sobre a importância deste conceito, porque você deveria levar em
consideração, o que significa implementar transparência e como.
Então neste primeiro artigo deixa eu
começar por ela mesmo. A transparência! Tá na moda. É demandada por lei para as
empresas públicas. Mas o que as pessoas ainda não perceberam é que gera benefícios para todos!
Bem, muitos debates surgiram e
continuam surgindo na literatura acadêmica, no mercado (bastante tímida ainda)
e, principalmente, no governo, referente à implementação das leis e sobre seus resultados
iniciais. A Lei brasileira de Acesso à Informação que regulamenta o direito
constitucional de acesso às informações públicas (Lei 12.527 2011); a Lei
complementar brasileira 131 (Lei 131 2009) que determina a disponibilização de
informações sobre a execução orçamentária e financeira das instituições
públicas; e o Decreto brasileiro número 6.932 (DECRETO 6.932 2009) que
estabeleceu a obrigatoriedade de disponibilização da Carta de Serviços com
informações dos serviços prestados pelos órgãos públicos, são os exemplos mais
notórios das ações do governo para fomentar a transparência organizacional.
Mas ainda estamos num momento de
entender o que de fato significa ser transparente e por onde começar a aplicar.
Inicialmente vamos parar de usar o
termo para falar de associar o termo ao ato de simplificar o entendimento sobre a realização de ações e serviços para as pessoas. É comum a expressão: “Esse procedimento tem que ser
simples e fácil para o cidadão. Ele não precisa perder tempo e ser confundindo
com tudo isso. Ele entrega o documento e recebe a resposta. Vamos fazer o mais
transparente possível pra ele“. O que você queria dizer não é "o mais opaco
possível"? Afinal se eu não sei como as coisas funcionam, então ela não é
transparente.
Transparente é aquilo que se pode ver através, que é evidente.
Portanto, uma organização transparente é aquela que torna pública suas informações.
Transparência Organizacional, não consiste somente em permitir o acesso, mas também em facilitar o uso, garantir qualidade, melhorar entendimento
e garantir a auditabilidade de
processos e informações.
Não amigos, o nirvana da transparência
não é “só“ disponibilizar as informações no site da organização e está tudo
bem. Esse é sim um grande primeiro passo, dado o passado opaco em que vivíamos
e ao presente ainda bastante “fosco“ em que nos encontramos.
O caminho é longo, mesmo quando se
trata de dar acesso as informações. Por exemplo, saber quais informações devem
ser transparentes e em que nível ainda é bastante difícil de definir, muito
mais por interesses políticos do que pelo real interesse de tornar o cidadão
mais participativo; saber como divulgar informações específicas, considerando
públicos distintos e suas diferentes linguagens de comunicação; saber como
estabelecer mecanismos de contínua disponibilização das informações, etc.
Ufa... O primeiro passo foi dado (ou
melhor cobrado), mas ainda há muito a se fazer. E claro que as leis e diversas
iniciativas independentes (em exemplos citados na figura abaixo) representam
instrumentos importantes para discutir, implantar e fiscalizar a adoção de
ações de transparência.
Mas o que me peguei pensando nos
últimos meses é: por que alguém (leia-se uma empresa de qualquer natureza) iria
querer ser transparente?
Ok, vamos por partes. Primeiro vou
separar, de forma bem simplificada, as empresas em públicas e privadas. Agora
vou refazer minha pergunta:
Por
que uma empresa pública quer ser transparente?
A resposta óbvia é: para se adequar ao
que a lei manda. A propósito, a FGV fez um trabalho bastante interessante sobre
o panorama atual do atendimento às leis de acesso à informação em alguns
estados brasileiros, disponível em: http://www.transparencyaudit.net/node/16.
Mas, a resposta que, em minha opinião,
deveria estar na cabeça de nossos governantes é: para fazer do cidadão mais um
participante da gestão pública do seu município, cidade, estado e país. Por
participante entendo que ele não será apenas um fiscal, mas um integrante ativo
dentro do seu contexto social. Basta olhar a avaliação que citei anteriormente
para perceber que não é exatamente essa a intenção de todos, principalmente
olhando o resultado referente ao Rio de Janeiro que é, no mínimo, lamentável.
Agora vamos à segunda pergunta:
Por
que uma empresa privada quer ser transparente?
Aha! Bem, aqui também há uma resposta
óbvia; se a empresa privada estiver fazendo negócio com uma empresa pública, as
informações referentes a esse negócio também devem estar de acordo com as leis
de acesso à informação. Mas, para que outras
situações podemos pensar em transparência na iniciativa privada?
Bem, existe uma
verdade sobre empresas privadas e é que elas precisam obter lucro para se
manterem. Então? Será que transparência poderia contribuir com este objetivo? A
resposta é: Sim. Porque quanto mais
transparência houver, mais acionistas e mais clientes serão atraídos já que a empresa
demonstrará sua idoneidade e passará informações confiáveis não somente sobre
seus produtos, mas também sobre sua saúde financeira.Tanto para empresas
privadas como públicas, práticas que contribuem para transparência como, clareza,
atualidade, integridade, detalhamento, verificabilidade e disponibilidade são
vantajosas de serem implementadas.
Daí
alguns de vocês (espero que todos) falam pra mim: Legal! De acordo! Mas....
No próximo artigo falarei sobre como Arquitetura
Corporativa pode ajudar nessa empreitada e como podemos “fazer transparência”
aos poucos, sem afobação.
Até a próxima!
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