Fonte: Tribunal de Contas da União |
Olá! No
artigo anterior vimos
as ações que o Tribunal de Contas da União tem realizado na busca
de melhorias na governança pública do país. No artigo de hoje
veremos como a Arquitetura Corporativa pode apoiar a
adesão ao Referencial Básico de Governança publicado
pelo TCU.
Para isso primeiramente veremos,
em síntese, o teor da citada publicação.
O primeiro capítulo do Referencial trata dos conceitos fundamentais envolvidos com os temas “Gestão” e “Governança”.
No segundo
capítulo são apresentados:
1) Os princípios
básicos da governança no setor público:
(a) legitimidade;
(b) equidade;
(c)
responsabilidade;
(d) eficiência;
(e) probidade;
(f) transparência;
e
(g)
accountability.
2) As diretrizes para alcançar a boa governança em órgãos e entidades da administração pública:
(a) focar o
propósito da organização em resultados para cidadãos e usuários
dos serviços;
(b) realizar,
efetivamente, as funções e os papéis definidos;
(c) tomar decisões
embasadas em informações de qualidade;
(d) gerenciar
riscos;
(e) desenvolver a
capacidade e a eficácia do corpo diretivo das organizações; e
(f) prestar contas
e envolver efetivamente as partes interessadas.
3) Quatro níveis de análise:
(a) Mecanismos de
governança associados a
(b) Componentes,
os quais por sua vez são subdivididos em
(c) Práticas que,
por sua vez são subdivididos em
(d) Itens de
controle
Os dois primeiros níveis e suas relações são apresentados na figura abaixo.
Fonte: Referencial Básico de Governança - TCU |
O Referencial
descreve cada um dos componentes dos mecanismos de governança,
identifica práticas e descreve um glossário de termos
relacionados.
Devido às limitações do artigo, nos apoiaremos no quadro resumo a seguir. Entretanto, caso você queira se aprofundar, o Referencial Básico de Governança pode ser acessado na Biblioteca Digital no sítio do TCU.
Componente
|
Prática
|
Termos
relacionados
|
L1. Pessoas e
competências
|
L1.1. Utilizar
processo que oriente a indicação, a seleção e a nomeação de
membros da alta administração e dos gerentes.
L1.2. Assegurar a
capacitação dos membros da alta administração e dos gerentes.
L1.3. Estabelecer
sistema de avaliação de desempenho dos membros da alta
administração e dos gerentes.
L1.4. Garantir que
o conjunto dos benefícios da alta administração seja
transparente.
|
Gestão de
pessoas, Competência, Conhecimentos, Habilidades, Atitudes,
Avaliação de desempenho, Gestão do desempenhoestrat
|
L2. Princípios e
comportamentos
|
L2.1. Adotar
código de ética e conduta formalmente instituído.
L2.2. Estabelecer
mecanismos de controle adequados para evitar que decisões sejam
influenciadas por interesses pessoais.
L2.3. Agir de
acordo com padrões de comportamento, baseados nos
valores e
princípios constitucionais, legais e institucionais.
L2.4. Contribuir
para a boa reputação da organização.
|
Princípios de
conduta, Ética,
|
L3. Liderança
organizacional
|
L3.1. Avaliar,
direcionar e monitorar a gestão da organização, o alcance de
metas institucionais e o comportamento dos membros da alta
administração e dos gerentes.
L3.2. Definir os
papéis e as responsabilidades entre os membros
dos conselhos, da
alta administração e os gerentes, garantindo o balanceamento de
poderes.
L3.3.
Responsabilizar-se, perante as estruturas de governança (internas
e externas) e pelo
alcance dos resultados previstos.
L3.4. Avaliar os
resultados das atividades de controle e dos trabalhos
de auditoria.
|
Balanceamento de
poder e autoridade, Papéis e responsabilidades da alta
administração
|
E1. Relacionamento
com partes interessadas
|
E1.1. Estabelecer
modelo que promova o envolvimento da sociedade e demais partes
interessadas na definição de prioridades.
E1.2. Estabelecer
e divulgar canais de comunicação e consulta com as diferentes
partes interessadas.
E1.3. Dar
conhecimento a todas as partes interessadas, quanto a estrutura de
governança vigente na organização.
E1.4. Estabelecer
relação objetiva e profissional com a mídia, com
outras
instituições e com auditores.
E1.5. Assegurar
que decisões, estratégias, planos, ações, serviços e
produtos
fornecidos pela organização atendam ao maior número possível
de
partes
interessadas, de modo balanceado e equitativo.
|
Partes
interessadas (stakeholders), Efetividade, Equilíbrio,
Relacionamento
|
E2. Estratégia
organizacional
|
E2.1.
Estabelecer modelo de gestão da estratégia que considere
aspectos
como
transparência, comprometimento das partes interessadas e foco em
resultados.
E2.2. Estabelecer
modelo de gestão que favoreça o alinhamento de
operações à
estratégia e possibilite aferir o alcance de benefícios,
resultados, objetivos e metas.
E2.3. Estabelecer
e formalizar a estratégia da organização.
E2.4. Comunicar às
partes interessadas a estratégia da organização.
E2.5. Monitorar e
avaliar a execução da estratégia, os principais indicadores
operacionais e os resultados da organização.
|
Propósito da
organização, Missão, Visão de futuro, Objetivos estratégicos,
Planejamento, Gestão estratégica, Política, Avaliação
|
E3. Alinhamento
transorganizacional
|
E3.1. Estabelecer
mecanismos de articulação, comunicação e colaboração que
permitam alinhar estratégias e operações das organizações
envolvidas em políticas transversais e descentralizadas.
E3.2. Estabelecer
objetivos coerentes e alinhados entre todas as organizações
envolvidas na implementação da estratégia.
|
Política pública,
Coordenação nas políticas
|
E4. Estrutura de
governança
|
E4.1. Estabelecer
e manter política de delegação e de reserva de
poderes, de forma
a assegurar a capacidade de avaliar, dirigir e monitorar a
organização.
E4.2. Definir os
papéis e distribuir as responsabilidades entre os
conselhos, a alta
administração e a gestão operacional, de modo a garantir o
balanceamento de poder e a segregação de funções críticas.
E4.3. Definir
procedimentos e regulamentos afetos a gestão da estrutura interna
de governança, bem como os seguintes processos:
elaboração,
implementação e revisão de políticas; tomada de decisão,
monitoramento e controle.
E4.4. Definir
instâncias internas de apoio à governança e indicar como elas
se relacionam com as demais estruturas de governança.
|
|
C1. Gestão de
riscos e controle interno
|
C1.1. Fomentar a
cultura de gestão de riscos como fator essencial para
implementar a
estratégia, tomar decisões e realizar os objetivos da
organização.
C1.2. Estabelecer
política e estrutura integrada de gestão de riscos e
controle interno.
C1.3. Assegurar
que a gestão de riscos e o controle interno sejam
parte integrante
dos processos organizacionais.
C1.4. Considerar
os riscos que têm impacto sobre outras organizações
públicas e demais
partes interessadas e comunicar, consultar e compartilhar
informações
regularmente com essas partes.
C1.5. Monitorar e
analisar a gestão de riscos e o sistema de controle
interno, a fim de
assegurar que sejam eficazes e apoiem o desempenho
organizacional.
|
Evento
|
C2. Auditoria
interna
|
C2.1. Estabelecer
estatuto que defina o propósito, a autoridade e a
responsabilidade
da auditoria interna.
C2.2. Prover
condições para que a auditoria interna seja independente
e para que os
auditores internos sejam proficientes.
C2.3. Garantir que
seja desenvolvido e mantido um programa de garantia de qualidade e
melhoria da auditoria interna.
C2.4. Assegurar
que a auditoria interna adicione valor à organização.
|
Estatuto de
auditoria interna, Proficiente, Zelo profissional
|
C3. Accountability
e transparência
|
C3.1. Publicar
relatórios periódicos de desempenho dos sistemas de
governança e de
gestão, de acordo com a legislação vigente e com os princípios
de accountability.
C3.2. Publicar,
juntamente com os relatórios periódicos, parecer da
auditoria interna
quanto à confiabilidade das informações prestadas, a
regularidade
das operações
subjacentes e o desempenho das operações.
C3.3. Publicar a
decisão quanto à regularidade das contas proferida
pelo órgão de
controle externo.
C3.4. Publicar
eventuais avaliações da adequação e do desempenho dos
sistemas de
governança e de gestão realizadas pelos órgãos de controle
externo.
C3.5. Avaliar,
periodicamente, o grau de satisfação das partes interessadas
com as estratégias
e ações da organização, a satisfação quanto a serviços e
produtos fornecidos, assim como avaliar a imagem, a reputação e
a confiança do público na organização.
C3.6.
Comprometer-se com a transparência da organização às partes
interessadas, admitindo-se o sigilo, como exceção, nos termos da
lei.
C3.7. Garantir que
sejam apurados os fatos com indício de
irregularidade ou
contrários à política de governança, promovendo a
responsabilização em caso de comprovação.
|
Accountability,
Transparência
|
Apresentado o
Referencial Básico de Governança criado pelo TCU, vamos ao
Modelo de Conteúdo de Arquitetura Corporativa proposto em uma série
de artigos publicados no blog, cujo início pode ser acessado aqui.
Para maiores detalhes, você poderá, facilmente, ter acesso a toda essa série de artigos,
seguindo os links indicados em cada um ou clicar nos links que darão acesso à explicação de cada camada aqui neste artigo.
A Camada de Negócios, atende diretamente ao Componente E1. descrita no
Referencial, uma vez que a mesma envolve os Serviços e Produtos, bem
como os Clientes da Organização e as demais partes
interessadas.
A Camada de Estratégia, por sua vez está totalmente aderente ao Componente E.2 do Referencial, principalmente no que se refere ao relacionamento entre a estratégia e metas definidas com os demais componentes da organização.
As próprias inter-relações intrínsecas ao Modelo de Conteúdo permitem atingir às práticas descritas no Componente E.3 uma vez que essa visão auxilia na otimização das interdependências entre as operações de negócios da entidade, a infraestrutura e a inteligência que suporta essas operações tanto internamente à organização quanto em relação a entidades externas.
A Camada de Processos definida no Modelo pode embarcar todas as Práticas descritas no Referencial de Governança, assim como os itens controlados nessas práticas/processos.
Os Componente C.1 e C.2, por sua vez, poderão ser atendidos pela Camada de Riscos e Conformidade proposta no Modelo, uma vez que essa visão facilita a prestação de contas e o atendimento ao ambiente regulatório. O Componente C.3 é aplicável pela própria estrutura proposta pelo Modelo de Conteúdo, uma vez que esta, por si só, já se apresenta como uma mecanismo de apoio ao controle, prestação de contas e transparência, desde que seus dados sejam disponibilizados de forma satisfatória para as diversas partes interessadas.
A Camada de Competências do Modelo de Conteúdo, possui uma forte relação com a Prática L.1 do Referencial de Governança, pois proporciona identificar as melhores condições para cada tipo de serviço, as competências necessárias para serem desenvolvidas na busca de determinado objetivo estratégico, os recursos e as estruturas necessárias para a execução das atividades, entre outras possibilidades.
Podemos notar que, em grande parte, o Modelo proposto pode apoiar ao Referencial, principalmente no que diz respeito às diretrizes definidas para o alcance da boa governança.
O próximo artigo apresentará a primeira parte sobre o uso da Arquitetura Corporativa e os 10 Princípios para a Boa Governança Pública do IBGP.
Deixe aqui a sua opinião e até a próxima!
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