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Mostrando postagens de agosto, 2015

Bancos de cérebros

De 1999 a 2007 trabalhei em um escritório estratégico de processos e projetos na Caixa Econômica Federal. A chamada Gerência Nacional de Soluções Empresariais foi uma das primeiras unidades no setor público brasileiro com tais características e sua existência resistiu a várias mudanças estruturais e a trocas de comando e das equipes técnicas, contribuindo decisivamente para a melhoria dos resultados organizacionais. Um de seus instrumentos que mais me fascinavam era o fórum semanal de discussões que realizávamos, impreterivelmente, nas tardes de sextas-feiras. A pauta e a condução dos encontros era de responsabilidade de todos da unidade, não importando sua localização na hierarquia da empresa (sabíamos que os eventos ocorreriam ainda que os gerentes do escritório tivessem outros compromissos, pois os fóruns não eram de propriedade de indivíduos, mas do coletivo). Mesmo já estando afastado da unidade há algum tempo, creio que os fóruns duraram mais de uma década e poucos coleg

Entendendo a atuação do W3C para a Web dos Dados (W3C Web Activity)

Por Thiago Ávila* Conforme estamos explorando nesta série de artigos [1] e [2] o crescimento da oferta de dados global vem trazendo desafios interessantes e dentre os caminhos para o melhor aproveitamento do potencial destes dados a “Web dos Dados” vem se consolidando como o novo paradigma para os próximos anos. Isto se deve porque cada vez mais as aplicações Web têm fornecido acesso aos dados e consequentemente, consumindo-os. Desde visualizações simples às ferramentas interativas sofisticadas, há uma crescente dependência da disponibilidade de dados que pode ser "baixa" ou "intensa", vir de origens distintas, e ainda em diferentes formatos. Entretanto, os dados têm sido publicados de forma desconectada e descoordenada de outros publicadores e muito menos sem uma modelagem adequada e vocabulários comuns. Neste contexto o W3C estabeleceu o W3C Data Activity [3], que reconhece e trabalha para facilitar o potencial de integração e processamento de dados em esc

Alterações introduzidas pelas NBCASP: RECEITAS E DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS

Dentre as inovações da atual contabilidade do setor público, destaca-se o tratamento que passou a ser dispensado às receitas e despesas orçamentárias. Antes, as receitas submetiam-se ao regime de caixa. Assim como as despesas, eram contabilizadas de acordo com a classificação orçamentária e eram transferidas para as contas de variações patrimoniais somente no encerramento do exercício. Hoje, as receitas observam o regime de competência e, como as despesas, são contabilizadas, nos fatos modificativos do patrimônio, diretamente em contas contábeis de variações patrimoniais de nomenclaturas diferenciadas da classificação orçamentária, porém relacionadas e identificadas com essa classificação e, nos fatos permutativos, em contas representativas dos elementos patrimoniais (Bens Móveis e Imóveis, Almoxarifados, Empréstimos e Financiamentos, Dívida Ativa, etc.).  No regime de competência das receitas provenientes de fatos modificativos do patrimônio, notadamente das tributárias,

Governança e Interoperabilidade

Governança Corporativa tem origem nas empresas privadas e seus princípios e regras têm como objetivo DIRECIONAR e MONITORAR as atividades da organização de forma a priorizar os interesses de seu acionistas e stakeholders,   que muitas vezes eram prejudicados em virtude da atuação tendenciosa dos chamados Agentes, que detinham poder por eles outorgado para a direção de suas organizações. Desta forma, a Governança Corporativa Privada decorre de uma relação de 1 (Empresa) para diversos (stakeholders e shareholders). A Governança Corporativa Pública se difere basicamente porque sugere uma relação diversos (entes estatais e paraestatais) para diversos (cidadãos). Assim, trazemos para a Governança a dimensão Transorganizacional. Tal dimensão se torna crucial para o desenvolvimento das funções de estado, pois impõe a estruturação de elementos que possibilitem ações integradas e sinérgicas dos diversos entes que concorrem para entrega de valor ao cidadão. O Tribunal de Conta

Os desafios de interoperabilidade e da portabilidade na nuvem

Outro projeto que está em pleno andamento no subcomitê de normas internacionais de computação em nuvem (JTC 1/SC 38) se propõe a estabelecer um entendimento comum sobre os conceitos de interoperabilidade e portabilidade sob o ponto de vista de provedores e usuários de serviços de computação em nuvem, identificando as preocupações mais comuns, as funções e componentes necessários para estabelecer essas funcionalidades e cria um mapeamento com outros padrões já desenvolvidos ou em desenvolvimento. A tarefa mais difícil, talvez, seja a de definir os TIPOS de interoperabilidade e portabilidade e seus problemas relacionados, de forma a gerar um entendimento comum sobre o tema. De acordo com os termos já definidos na norma ISO/IEC 17788, a portabilidade de aplicativos de nuvem é descrita como a "Habilidade de migrar um aplicativo de um serviço de nuvem para outro serviço de nuvem" enquanto a portabilidade dados de nuvem é descrita como "Portabilidade de dados de um

Como fazer a padronização funcionar

Um dos painéis realizados durante a última conferência internacional sobre XBRL ( Extensible Business Reporting Language - que padroniza a troca de informações contábeis e financeiras) tratou do compartilhamento de informações a respeito do processo de implantação da padronização na troca de dados. Os participantes do painel descreveram algumas das principais lições aprendidas durante a execução de um projeto bem sucedido para troca de informações empresariais, projeto este que envolveu diversas disciplinas, e diversas agências governamentais. Frans Hietbrink, integrante do governo da Holanda, mostrou como eles conseguiram adequar diferentes demandas de agências estatais e representantes do setor privado. O comprometimento com uma visão clara das necessidades, a imposição de padrões fortes (não apenas o XBRL, mas também padrões que se situem no meio da arquitetura de padronização) e o uso de planos formais de governança possibilitaram a modernização completa do ambiente de fo

A Web dos Dados

Por Thiago Ávila e Judson Bandeira* Conforme exploramos no artigo anterior , as perspectivas para a produção de dados nos próximos cinco anos (2020) é animadora e desafiadora. Se por um lado a oferta de dados digitais deverá crescer exponencialmente, por outro lado, um percentual significativo destes dados podem não ser úteis para coisa alguma.  As arquiteturas tradicionais para armazenamento de dados, especialmente na era pré-internet, foram sendo estabelecidas para armazenar os dados, em arquivos, isolados do mundo externo, caracterizando verdadeiras ilhas de dados e informações. Decorrente deste modelo, inúmeros problemas surgiram, especialmente a redundância de dados, que por sinal é um problema existente até os dias de hoje. Ao longo dos anos, o armazenamento de dados evoluiu para a criação dos bancos de dados, e posteriormente modelos de agrupamento como os sistemas de bancos de dados distribuídos e as federações de bancos de dados[1]. Paralelamente, em meados de 199

Como Arquitetura Corporativa pode apoiar a implantação de Transparência Organizacional A Arquitetura TOGAF no apoio a implantação de Transparência – Fase B

No artigo anterior eu discuti a implantação de transparência dentro do contexto de execução de uma rodada do framework TOGAF, para a fase A - Visão da Arquitetura. No final desta fase todos devem ter uma ideia comum e compartilhada da expectativa de como realizar o trabalho e do resultado esperado. A partir daí inicia-se o desenvolvimento e análise de gap das arquiteturas (fase B, C e D). O objetivo é construir os modelos necessários para entender os conceitos e como a organização funciona (e o que deve melhorar e se quer alterar/evoluir). Na analogia com a construção de uma casa, imagina que agora é necessário criar os modelos que representem diversos aspectos da sua construção. É assim também com transparência! Transparência não está somente na arquitetura de dados (uma informação que deve ser transparente), mas também nos processos de negócio, na visão estratégica, nos sistemas de informação, nas tecnologias utilizadas e na infraestrutura que suporta tudo isso.