No post anterior abordamos o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – Gespública – uma ação de grande porte voltada para a melhoria da gestão e governança nas organizações públicas e seus relacionamentos aos preceitos da governança corporativa.
O Referencial Básico de Governança do TCU foi elaborado a partir dos achados nos diversos trabalhos realizados sobre governança em temáticas específicas (ética, TI, pessoal, riscos, aquisições etc.) até o estabelecimento de uma abordagem abrangente e estruturada sobre Governança Pública.
Considerando que o TCU definiu para si meta para melhoria de sua governança corporativa, em maio de 2013 foi designado um grupo de trabalho para consolidação do referencial básico de governança e gestão aplicável a órgãos e entidades da administração pública, de forma a pacificar conceitos e melhor nortear a atuação futura do Tribunal na fiscalização da governança das unidades jurisdicionadas.
Em 2014, o grupo de trabalho prosseguiu no refinamento das práticas e itens de controle do referencial com o propósito de colocar à disposição dos gestores um modelo de avaliação de governança aplicável às
organizações públicas: Levantamento de Capacidade de Governança de Órgãos e Entidades da Administração Pública.
Para que as funções de governança (avaliar, direcionar e monitorar) sejam executadas de forma satisfatória, alguns mecanismos devem ser adotados: a liderança, a estratégia e o controle, como podemos observar no artigo de Alexandre Vieira Coutinho.
O referencial básico e o modelo de avaliação de governança do TCU estão em consonância com o segmento Áreas de Integração para o Governo Eletrônico da ePING, que estabelece a padronização de especificações técnicas para sustentar o intercâmbio de informações em áreas transversais da atuação governamental, de forma a buscar a interoperabilidade de serviços de Governo Eletrônico Brasileiro.
Para mapear a convergência das ações aos pilares da governança corporativa foi desenvolvido um modelo constituído de dois componentes: elementos e conexões.
Os elementos são conceituados de acordo com sua especificidade e são relacionados a outros elementos por intermédio de conexões.
As conexões são estabelecidas de acordo com o elo de ligação entre os elementos identificados nas ações objeto dessa avaliação.
O modelo de alinhamento das ações de governança pode ser acessado em:
Elementos e conexões do Referencial Básico e Levantamento de Governança - TCU:
- Mecanismo Liderança - TCU;
- Mecanismo Estratégia - TCU;
- Mecanismo Controles - TCU.
Figura 01 – Conexões do Referencial Básico e levantamento de Governança – TCU
A cada um dos mecanismos de governança foi associado um conjunto de componentes que contribuem direta, ou indiretamente, para o alcance dos objetivos.
Vinculados a cada componente, foi associado um conjunto de práticas de governança que têm a finalidade de contribuir para que os resultados pretendidos pelas partes interessadas sejam alcançados.
De modo semelhante, vinculou-se a cada prática um conjunto de itens de controle os quais constam do Levantamento de Capacidade de Governança Pública de Órgãos e Entidades da Administração Pública.
Cabe destacar que as práticas apresentadas representam um referencial básico, não sendo, portanto, exaustivas.
Mecanismo Liderança – TCU
Liderança refere-se ao conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que assegura a existência das condições mínimas para o exercício da boa governança, quais sejam: pessoas íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas ocupando os principais cargos das organizações e liderando os processos de trabalho.
As questões do Levantamento abordam os seguintes componentes: pessoas e competências - L1 (4 práticas com 15 itens), princípios e comportamentos - L2 (3 práticas com 10 itens), liderança organizacional - L3 (5 práticas com 19 itens) e sistema de governança - L4 (3 práticas com 14 itens).
Conexões do Mecanismo Liderança com outros elementos:
- Competências – Modelo de Arquitetura Corporativa;
- Governança de Pessoas;
- 1 - Compromisso com valores éticos em prol da sustentabilidade social e ambiental – IBGP;
- 4 - Institucionalização das estruturas, papeis e direitos decisórios das organizações públicas – IBGP;
- Governança Pública.
Figura 02 – Conexões do Mecanismo Liderança – TCU
Mecanismo Estratégia -TCU
Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da estratégia necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de demandas, necessidades e expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e organizações envolvidas ou afetadas.
As questões do Levantamento abordam os seguintes componentes: relacionamento com partes interessadas - E1 (4 práticas com 15 itens), estratégia organizacional - E2 (3 práticas com 16 itens) e alinhamento transorganizacional - E3 (1 prática com 7 itens).
Conexões do Mecanismo Estratégia com outros elementos:
- 5 - Envolvimento das partes interessadas no planejamento estratégico das organizações públicas – IBGP;
- 8 - Atendimento às necessidades das partes interessadas de modo efetivo e sustentável – IBGP;
- Planejamento Estratégico;
- Estratégia – Modelo de Arquitetura Corporativa;
- Recursos Organizacionais – Modelo de Arquitetura Corporativa;
- Plano de Capacidade – Modelo de Responsabilidade Organizacional.
Figura 03 – Conexões do Mecanismo Estratégia – TCU
Mecanismo Controles - TCU
Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabeleccimento de controles e sua avaliação, transparência e accountability, que envolve, entre outras coisas, a prestação de contas das ações e a responsabilização pelos atos praticados.
As questões do Levantamento abordam os seguintes componentes: gestão de riscos e controle interno - C1 (2 práticas com 10 itens), auditoria interna - C2 (3 práticas com 15 itens) e accountability e transparência - C3 (4 práticas com 14 itens).
Conexões do Mecanismo Controles com outros elementos:
- 6 - Gestão de riscos e de desempenho organizacionais para garantia da melhor entrega de serviços públicos – IBGP;
- Gerenciamento de Riscos – COSO;
- Controle Interno – COSO;
- Auditoria – COSO;
- 2 - Transparência dos atos, ações e decisões praticadas – IBGP;
- 10 - Eficácia dos controles e independência das verificações realizadas nas organizações públicas – IBGP.
Figura 04 – Conexões do Mecanismo Controles – TCU
O Mapa do alinhamento da ação à Governança Corporativa destaca a interoperabilidade, que pode ser entendida como uma característica que se refere à capacidade de diversas organizações trabalharem em conjunto de modo a garantir que pessoas, organizações e sistemas computacionais interajam para trocar informações de maneira eficaz e eficiente.
No próximo artigo abordaremos o Código das Melhores práticas de Governança Corporativa - IBGC.
No próximo artigo abordaremos o Código das Melhores práticas de Governança Corporativa - IBGC.
Muito bom, Guttenberg! A cada dia fica mais visível que nosso grupo segue o caminho correto e com a convergência total de visões!
ResponderExcluirÉ isso mesmo Alexandre! Na próxima semana abordarei a visão das Melhores práticas de Governança Corporativa do IBGC. Continue ligado!
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