XBRL é
o padrão internacional para a representação eletrônica de
relatórios financeiros. No coração do padrão XBRL está a
Especificação XBRL
2.1,
originalmente publicada em 2003. Essa especificação define os
elementos constitutivos básicos de fatos, documentos de
instância, conceitos e taxonomias, que são comuns a todas
as implementações XBRL.
Esses
itens são explicados em mais detalhes abaixo:
Documentos
de instância
Um
documento de instância é uma coleção de fatos que juntos formam
um relatório financeiro. Tecnicamente, um documento de instância é
um documento XML com um elemento raiz <xbrli:xbrl>.
Fato
Um fato é uma porção individual de informação em um relatório. Por exemplo, informar que o lucro da Acme Inc. em 2013 foi de $10mi seria um fato. O fato é representado reportando-se um valor de 10 milhões contra um conceito que represente “Lucro” e o associando com informações contextuais que representem as unidades (dólares), o período (2013) e a entidade (“Acme Inc.”). Tecnicamente, fatos são representados por elementos em um documento de instância.
Conceito
Um conceito é uma definição que fornece o significado para um fato. Por exemplo, “Lucro”, “Faturamento”, e “Ativo” seriam conceitos típicos. Tecnicamente, conceitos correspondem a definições de elementos em um XML Schema.
Taxonomia
Uma taxonomia é uma coleção de definições de conceitos. Tipicamente, uma taxonomia corresponderá a um domínio de relatório(s) específico(s). Por exemplo, existem taxonomias para muitos padrões contábeis como IRFS, para vários padrões regionais do GAAP, bem como para requisitos de relatórios de entidades reguladoras, agências governamentais e grandes empresas. Tecnicamente, uma taxonomia consiste em um documento XML Schema contendo definições de elementos e uma coleção de documentos XML (linkbases) que fornecem informação adicional, que faz parte das definições de conceitos.
Muito
do poder do padrão XBRL se deve à habilidade em publicar requisitos
de relatórios em um formato padronizado, conhecido como taxonomia.
Taxonomias permitem a publicação de requisitos de relatórios de
maneira que possam ser entendidos por software compatível. Esse
software, por sua vez, pode usar esses requisitos para, por exemplo,
elaborar relatórios (documentos de instância) que atendam aos
requisitos especificados.
A
maioria das implementações XBRL requerem:
- A preparação e manutenção de uma taxonomia que capture e padronize requisitos de relatórios.
- A publicação dessa taxonomia para que possa ser utilizada por organizações que necessitem preparar relatórios que atendam a esses requisitos.
- A elaboração de documentos de instância por muitas organizações que necessitem prestar contas.
- A validação e, se necessário, correção desses documentos (instâncias) por quem os elabora, de acordo com as restrições definidas na taxonomia.
- A transmissão do documento de instância pela organização que presta contas aos destinatários relevantes.
- O recebimento e validação de cada documento de instância pela organização (ou organizações) interessadas nos dados contidos nos relatórios.
- O armazenamento, consolidação e análise dos dados contidos nos documentos de instância, bem como os metadados contidos na taxonomia dentro de sistemas de inteligência de negócio pelos destinatários dos relatórios.
Embora
muito utilizado por reguladores, incluindo reguladores de seguros,
reguladores prudenciais, reguladores tributários e registros de
pessoas jurídicas pelo mundo, o XBRL também é usado por governos
para informação intragovernamental, por bolsas de valores, por
grandes cadeias de fornecimento, dentro de bancos de investimento e
agências de análise, e por grandes e complexas empresas para
permitir a elaboração de relatórios dentro dessas organizações.
Dados
multidimensionais
A
especificação XBRL v2.1 fornece um conjunto fixo de eixos em
relação aos quais fatos podem ser reportados. Esses incluem o eixo
de conceitos e um número menor de eixos pré-definidos como período
e unidades. Os dados no mundo real são, entretanto, frequentemente
multidimensionais por natureza. Por exemplo, uma entidade poderia
informar o lucro em várias regiões demográficas. Embora fosse
possível modelar isso definindo um conceito separado para “lucro”
em cada região reportada, seria claramente preferível modelar
“região” como um eixo separado, tanto para evitar a proliferação
de conceitos, quanto para facilitar as análises.
A
especificação XBRL
Dimensions 1.0 é
uma extensão modular da especificação XBRL 2.1 que permite a
declaração de dados multidimensionais em XBRL. Essa especificação
torna possível que as taxonomias definam as dimensões em relação
às quais os fatos devem ser informados.
A
combinação entre XBRL 2.1 e XBRL Dimensions 1.0 formam a base de
quase todas as implementações em XBRL e podem ser consideradas o
núcleo das especificações XBRL.
Extensibilidade
Um
dos desafios da declaração de relatórios é que, em muitos
setores, os padrões subjacentes para relatórios permitem uma
flexibilidade considerável do que é reportado, tipicamente baseados
no que é material para a entidade que envia o relatório. Isso torna
impossível a criação de uma única taxonomia que enumere todos os
conceitos e dimensões que poderiam ser solicitados para todas as
entidades.
O
XBRL foi concebido para permitir às taxonomias serem estendidas,
possibilitando que sejam adaptadas para atender a requisitos de
relatórios específicos. Por exemplo, taxonomias internacionais
podem ser estendidas por reguladores nacionais ou por grandes
empresas. Em alguns casos, particularmente para companhias de capital
aberto, reguladas por comissões de valores, é permitido que
estas forneçam suas próprias taxonomias estendidas, para modelar
precisamente necessidades de relatório específicas.
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