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Comunicando Arquiteturas Corporativas (Parte 1)

Por Antonio Plais (*)

Muito se tem falado aqui neste espaço sobre o tema da “arquitetura corporativa”. Os trabalhos de desenvolvimento do FACIN- Framework de Arquitetura Corporativa para Interoperabilidade no Apoio à Governança estão avançando de forma significativa, rumo à realização das oficinas de validação dos modelos de referência e conteúdo propostos, e atraindo a atenção de outras esferas de Governo (veja aqui).

Na Introdução do documento do FACIN é declarado que “Por meio do estabelecimento da Arquitetura Corporativa e de padrões de interoperabilidade, o FACIN apoiará a Estratégia de Governança Digital Brasileira, ampliando a colaboração entre as organizações do Governo Federal e melhorando a eficiência dos serviços de governo eletrônico para a sociedade (cidadãos, governos, organizações e empresas)”.

O termo “arquitetura corporativa” admite duas interpretações: por um lado, ele pode se referir à estrutura e aos princípios de funcionamento de uma organização, e, por outro, à descrição desta estrutura e destes princípios. Enquanto no primeiro sentido admitimos a ideia de que não possa existir uma organização sem que, de alguma, forma, exista uma arquitetura subjacente (mesmo que não documentada), no segundo sentido está clara a necessidade de algum método de descrição desta arquitetura. O FACIN é, desta forma, uma proposta de criação de um método comum de descrição das arquiteturas corporativas das organizações governamentais. Sendo assim, em última instância, o FACIN descreve um conjunto de conceitos, técnicas e artefatos que proporcionem a COMUNICAÇÃO das descrições das arquiteturas corporativas das várias organizações, permitindo que, através de uma linguagem comum, estas organizações possam efetivamente colaborar para a melhoria dos serviços prestados à Sociedade.

Esta discussão inicial nos leva, então, ao tema desta série de artigos: como comunicar arquiteturas corporativas? Que tipo de conhecimento é necessário transmitir, com qual objetivo, para quem?

Descrever uma arquitetura é comunicar

“Descrever arquiteturas tem a ver com a comunicação. Se alguma descrição de arquitetura não é usada como meio de comunicação de alguma forma, então esta descrição não deveria jamais ter sido criada” (Erik Proper)
O padrão IEE 1471 (2000) relaciona uma série de usos potenciais para descrições da arquitetura corporativa:

  • Expressão de um sistema e sua (potencial) evolução
  • Análise de arquiteturas alternativas
  • Planejamento de negócios para fazer a transição de uma arquitetura legada para uma nova arquitetura
  • Comunicação entre organizações envolvidas no desenvolvimento, produção, estabelecimento, operação e manutenção de um sistema
  • Comunicação entre adquirentes e desenvolvedores como parte da negociação de contratos
  • Critérios para a certificação da conformidade da implementação de arquiteturas
  • Desenvolvimento e manutenção de documentação, incluindo material para repositório de reuso e material de treinamento
  • Entrada para o subsequente desenho de sistemas e atividades de desenvolvimento
  • Planejamento e suporte para orçamento
  • Revisão, análise e avaliação do sistema ao longo do seu ciclo de vida
  • Especificação para um grupo de sistemas que compartilham um mesmo conjunto de funcionalidades

Cada um destes usos da arquitetura envolve a comunicação. A comunicação proporciona a interoperabilidade. A interoperabilidade leva à evolução e ao aumento da eficiência!

Cabe notar, aqui, que o termo “sistema” é usado acima em um sentido amplo, e não apenas restrito a sistemas de informática. Um sistema é definido como:
“Uma coleção de componentes organizados para desempenhar uma função, ou conjunto de funções, específica. O termo sistema abrange aplicativos individuais, sistemas no sentido tradicional, subsistemas, sistemas de sistemas, linhas de produção, famílias de produtos, organizações completas, e outras agregações de interesses” (IEEE 1471)
Para a descrição de arquiteturas, diversas formas de comunicação podem ser usadas: textual, verbal, visual, ou qualquer combinação destas. Independente da forma utilizada, uma série de condições e requisitos se aplicam. Para definir os requisitos para a comunicação das arquiteturas, vários fatores devem ser levados em consideração: os objetivos da comunicação, as preocupações que devem ser endereçadas, os objetivos do desenvolvimento do sistema, as metas, habilidades e atitudes dos atores envolvidos, etc.

Próximos passos

Na continuação desta série de artigos, vamos discutir:
  • O desenvolvimento de sistemas como um processo de transformação do conhecimento
  • Estratégias de conversação (para a comunicação em geral)
  • Conversações para a comunicação da arquitetura
  • A linguagem ArchiMate como meio de descrição de arquiteturas

Até a próxima!!

(*) Baseado no livro Enterprise Architecture at Work, 4ª edição (2017), Marc Lankhorst et al
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