Ao longo dessas semanas abordamos nos artigos (I, II, III, IV e V) os conceitos e práticas
de Interoperabilidade, Gestão, Governança e Arquitetura Corporativa, sua
incorporação ao FACIN - Framework de Arquitetura Corporativa
para Apoio à Governança e Interoperabilidade - e os impactos pretendidos
na melhoria dos serviços prestados pelo governo à sociedade
(cidadãos, governos, empresas e organizações).
Nesta parte final, reservamos espaço para estabelecer seus
relacionamentos normativos e legais, promovendo o alinhamento com alguns dos
principais programas e diretrizes de governo.
O FACIN e os Modelos Conceituais de Organização e Gestão
Se por um lado os Modelos de Organização disciplinam a
construção de estruturas organizacionais eficientes, os Modelos de Gestão
definem os processos a serem executados por estas estruturas, evidenciando os
pontos onde existem as intercessões, a transversalidade e as particularidades,
garantindo o alto desempenho das organizações.
Como
Arquitetura de Governo, o FACIN - Framework de Arquitetura Corporativa para Apoio
à Governança e Interoperabilidade, garantirá o desdobramento, a evolução e o
alinhamento constante dos Modelos de Organização e Gestão dos Órgãos e
Entidades da administração pública, a medida em que propicia um conjunto de
benefícios a partir de sua aplicação e evolução.
Sua
aplicação traz clareza das funções e responsabilidades, através do controle e
gestão, facilitando a tomada de decisão –
clara e rápida – sobre questões
controversas, trazendo transparência e uso responsável. Permite rapidamente
identificar as funções estratégicas, táticas e operacionais, de forma a
possibilitar seu envolvimento de acordo com a caracterização e impacto da
decisão a ser tomada.
Possibilita
compartilhar uma visão comum dos processos de negócios, serviços e recursos
técnicos, em uma linguagem padrão, classificando os ativos dos órgãos com base
nos modelos de referência, de forma a identificar lacunas, duplicidades e
redundâncias, sinergias entre projetos, prioridades, oportunidades de reuso e,
como consequência natural, define uma “linha de base” e oportunidades de
melhoria.
Sob
o ponto de vista das demais arquiteturas e estruturas, preserva a coerência e
desenvolve uma cultura de interoperabilidade, mantendo-as em condições
relevantes, úteis e de uso pragmático, garantindo que os esforços da
organização sejam gastos nas atividades necessárias às suas finalidades e o
foco na melhoria constante do desempenho e internalização das melhores
práticas.
Então
é natural que a convergência entre o padrão de arquitetura em curso no governo
o os objetivos dos modelos de organização e gestão gerem uma base sólida ao desdobramento das estratégias e políticas de estado, promovendo o
desenvolvimento da sociedade e o aprimoramento da ação governamental como
prestadora de serviços à sociedade brasileira.
O FACIN e os Planos Diretores de Tecnologia da Informação
É fato que, nos últimos 10 anos a Tecnologia da Informação e
Comunicações – TIC tem sido entendida
como peça-chave para suporte às práticas organizacionais e prestação de
melhores serviços pelos órgãos e entidades da administração pública.
Entende o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão que é
necessário que haja um alinhamento entre as estratégias e ações da TI
e as estratégias organizacionais. Dessa maneira, o Plano Diretor de Tecnologia
da Informação - PDTI é o instrumento que permite nortear e acompanhar a atuação
da área de TI, definindo estratégias e o plano de ação para implantá-las.
A medida em que a estratégia setorial dos órgãos e entidades da
administração pública está expressa em seus respectivos PDTI, aumenta a demanda
por uma visão de alto nível, do governo como um todo, como forma de obter-se
uma melhor gestão do gasto público, a partir do alto nível de reuso dos recursos
e das capacidades instaladas – dados, informações,
processos, pessoas, infraestrutura etc – e
alcançar os objetivos pretendidos pela Estratégia de Governança Digital.
Uma das premissas ao implementar uma Arquitetura Corporativa de
Governo é obter uma compreensão holística da situação atual, do contexto e do
cenário pretendido, de forma a contar com mecanismos que resolvam problemas
recorrentes e atendam as exigências por agilidade,
flexibilidade, efetividade e inovação.
Assim como ocorre em relação aos Modelos Conceituais de
Organização e Gestão, a aplicação do FACIN - Framework de Arquitetura Corporativa
para Apoio à Governança e Interoperabilidade, possibilita clareza quanto as funções e
responsabilidades, o compartilhamento de uma visão comum do negócio e de suas
capacidades, permitindo identificar lacunas, duplicidades e redundâncias,
sinergias entre prioridades, projetos, e oportunidades de reuso, viabilizando a
definição de uma “linha de base” e suas consequentes evoluções.
O FACIN e a Transparência Organizacional
A Transparency
International, organização não
governamental com secretariado em Berlim, estabelece que transparência está relacionada a
lançar luz sobre regras, planos, processos e ações. É saber o porquê, como, o
quê, e quanto. A transparência garante que os funcionários públicos, agentes
civis, gestores, conselheiros e empresários ajam de forma visível e
compreensível, e informem sobre suas atividades. Isso significa que o público
em geral pode responsabilizá-los. É a maneira mais segura de se proteger contra
a corrupção, e ajuda a aumentar a confiança nas pessoas e instituições nas
quais nossos futuros dependem.
Obrigatória no âmbito dos três poderes e esferas da União, a
Lei 12.527/2011, regulamenta o direito de acesso da sociedade às informações em
poder dos órgãos e entidades da administração pública, incluindo Tribunais de
Contas e Ministério Público.
De acordo com o Portal de Acesso à Informação do Governo
Federal, para garantir a efetividade do acesso à informação
pública, uma legislação sobre direito a informação deve observar um conjunto de
padrões estabelecidos com base nos melhores critérios e práticas
internacionais.
Aliado a questão dos padrões, outras premissas são bastante
relevantes na Lei, como a questão de garantia de acesso como regra, a
divulgação proativa de informações (transparência ativa) e a limitação de
hipóteses de sigilo, de forma que as informações tenham maior divulgação e,
portanto, transparência.
A questão de privacidade de dados pessoais, amplamente
discutida pela sociedade, se baseia neste mesmo conjunto de premissas, porém
protegendo a personalidade e a dignidade da pessoa natural ou jurídica de
direito público ou privado, independentemente do país de sua sede e do país
onde esteja localizado respectivo banco de dados.
Como
modelo de referência e integrador das arquiteturas utilizadas pelos Órgãos
e Entidades da administração pública, o FACIN - Framework de Arquitetura
Corporativa para Apoio à Governança e Interoperabilidade, para uma maior
eficiência dos Modelos Conceituais de Organização e Gestão e dos Planos
Diretores de Tecnologia da Informação, propicia benefícios a medida em que desenvolve
uma visão geral de alto nível da Administração Pública Federal e das organizações
e suas capacidades de negócios principais, propiciando uma mensuração de
resultados disciplinada por padrões internacionais, ampliando portanto a
visibilidade em níveis estratégico, tático e operacional.
O
acesso à informação, um dos pilares da transparência, é ponto focal do FACIN na
interoperabilidade que lhe dá o nome. Colocar as dimensões técnica, semântica e
organizacional da interoperabilidade a serviço dos cidadãos, governos,
organizações e empresas, a partir de dados abertos, soluções e serviços de
melhor qualidade, será viável a medida em que órgãos e entidades da
administração pública passam a contar com elementos direcionadores e
indicadores de resultados comuns e relacionados a uma arquitetura que integra,
entre outras visões, dados, processos, aplicações, infraestrutura e segurança.
Ao
falar em transparência, devemos garantir uma periodicidade e sistematização na
disponibilização e publicação das informações, de forma que sua trajetória
esteja alicerçada em qualidade e legalidade, atendendo as demandas da sociedade
e ampliando sua participação frente à gestão no governo.
Eliminando
barreiras, implementando mecanismos eficientes e maximizando sua participação
na sociedade, o governo pode melhorar suas políticas, a efetividade de seus programas,
estruturas, competências e tecnologia investida.
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