As
boas práticas de Governança Corporativa convertem Princípios em recomendações
objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o
valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua
longevidade, como podemos observar no artigo Alinhamento das ações aos pilares da Governança Corporativa.
O
artigo Maturidade em Governança Corporativa: Diretrizes para um Modelo Preliminar,
elaborado por Pedro Bramont e João Souza
Neto (Universidade Católica de Brasilia), apresenta uma série de boas práticas
de governança corporativa que beneficia organizações e países.
Códigos de melhores
práticas em governança corporativa reúnem recomendações sobre o tema, mas não
oferecem um roteiro sistemático para que organizações as implementem ou
verifiquem aderência ao recomendado.
Modelos de maturidade
podem suprir esta lacuna, uma vez que permitem estruturar a evolução
organizacional em etapas predefinidas e mensuráveis.
O objetivo do trabalho
é propor diretrizes básicas para elaborar um modelo de maturidade em governança
corporativa.
A revisão bibliográfica
cobriu estudos seminais sobre governança corporativa, o código de melhores
práticas do IBGC e diretrizes a serem seguidas na elaboração de modelos de
maturidade.
Foram sugeridas quatro
diretrizes, submetidas à discussão de um grupo focal de seis especialistas.
A primeira diretriz
envolve a utilização do código de melhores práticas do IBGC como fonte
referencial. A segunda diretriz refere-se a quatro dimensões. A terceira
engloba cinco níveis de maturidade.
A quarta e última
diretriz trata das práticas propostas, extraídas do código de melhores práticas
do IBGC, vinculadas às dimensões e distribuídas entre os níveis propostos.
A principal
contribuição do estudo é concluir pela possibilidade de se desenvolver um
modelo de maturidade em governança corporativa e oferecer um ponto de partida
adequado para tal.
Para
mapear essas boas práticas foi desenvolvido um modelo constituído de dois
componentes: elementos e conexões.
Os elementos são
conceituados de acordo com sua especificidade e são relacionados a outros
elementos por intermédio de conexões.
As conexões são
estabelecidas de acordo com o elo de ligação entre os elementos identificados no
modelo objeto dessa avaliação.
O Modelo em Rede de Maturidade em Governança
Corporativa pode ser acessado em: https://kumu.io/Guto/maturidade-em-governanca
Siglas utilizadas nesse artigo: Conselho de Administração (CA), Conselho Fiscal (CF), Governança Corporativa (GC), Assembléia Geral (AG) e Recursos Humanos (RH).
O mapa com as Práticas da Dimensão Transparência foi desenhado de acordo com a figura 1.
O mapa com as Práticas da Dimensão Transparência foi desenhado de acordo com a figura 1.
Figura 1 – Mapa das
Práticas da Dimensão Transparência
O mapa destaca as
conexões da Dimensão Transparência com as seguintes Práticas:
- A remuneração paga à Diretoria, ao CA e ao CF é divulgada em blocos distintos.
- Há política de alçadas decisórias.
- Há política de operações com partes relacionadas.
- Há política de prevenção e combate a atos ilícitos.
- Há política sobre atos gratuitos.
- Há políticas de divulgação de informações e uso de informações privilegiadas ("insider information").
- Há relatos periódicos (trimestralmente, no mínimo) sobre a atuação e desempenho da companhia, e não estão restritos a informações econômico-financeiras.
- O relatório anual de administração é abrangente, tem padrão internacional e é auditado.
- Os acordos com efeitos societários na companhia estão disponíveis a todos os sócios.
- Todas as políticas da companhia são deliberadas pelo CA e estão disponíveis publicamente.
O mapa com as Práticas
da Dimensão Prestação de Contas foi desenhado de acordo com a figura 2.
Figura 2 – Mapa das
Práticas da Dimensão Prestação de Contas
O mapa destaca as
conexões da Dimensão Prestação de Contas com as seguintes Práticas:
- A companhia possui um CA.
- A renovação contratual da auditoria independente está condicionada a uma avaliação formal e documentada.
- As demonstrações financeiras são auditadas por auditor totalmente independente da gestão: contratação, destituição, honorários, escopo e avaliação.
- CA e CF têm orçamentos próprios e autonomia para gerenciá-los.
- Cabe ao Diretor-Presidente a indicação dos Diretores e a proposição de suas remunerações para aprovação do CA.
- Cargos de Diretor-Presidente e Presidente do CA não são ocupados pela mesma pessoa.
- Há canal direto de comunicação com o CA (ouvidoria e/ou canal denúncias).
- Há profissional ou área dedicada ao tema GC.
- Há uma área responsável por propor, monitorar e avaliar a adequação dos controles internos, políticas, normas e procedimentos da Companhia.
- Não existem dispositivos que restrinjam a substituição dos atuais administradores.
- O CA e o CF têm agendas anuais de prioridades e calendário de reuniões.
- O CA promove sessões executivas e apenas seus membros ficam presentes no momento das deliberações.
- O CA revê, periodicamente, seus comitês de assessoramento e as políticas da companhia.
- O CF da companhia é permanente.
- O conceito de segregação de funções permeia todos os processos da companhia.
- Os acordos de acionista arquivados na companhia não restringem os direitos ou competências do CA, CF e/ou Diretoria Executiva.
- Trabalhos específicos atestam a qualidade das informações oriundas de controladas, coligadas ou quaisquer outras que sejam refletidas nas demonstrações financeiras da organização.
O mapa com as Práticas
da Dimensão Equidade foi desenhado de acordo com a figura 3.
Figura 3 – Mapa das
Práticas da Dimensão Equidade
O mapa destaca as
conexões da Dimensão Equidade com as seguintes Práticas:
- Após 5 (cinco) anos, eventual renovação contratual dos auditores independentes é matéria qualificada de AG.
- As operações com partes relacionadas são aprovadas em AG por quórum qualificado.
- Em alienação de controle, há direito de venda conjunta para todos os sócios em iguais condições.
- Há direito a voto para todas as ações.
- Há procedimento sistemático de convocação, realização de reunião e registro de deliberações em AG, reuniões do CA, reuniões do CF e Comitês.
- Não há conselheiros internos no CA, sendo a maioria independente.
- O Código da Conduta é abrangente e contempla o relacionamento entre administradores, conselheiros, acionistas, empregados, fornecedores e demais partes interessadas (stakeholders).
- Os acionistas não controladores indicam a maioria dos membros do CF.
- Todos os comitês são coordenados por um conselheiro independente e a maioria de seus membros é composta por conselheiros.
- Todos os sócios são estimulados a incluir assuntos e participar das AGs.
O mapa com as Práticas
da Dimensão Responsabilidade Corporativa foi desenhado de acordo com a figura 4.
Figura 4 – Mapa das
Práticas da Dimensão Responsabilidade Corporativa
O mapa destaca as
conexões da Dimensão Responsabilidade Corporativa com as seguintes Práticas:
- A AG estabelece regras e limites sobre participação de administradores da companhia em outros conselhos, diretorias e comitês.
- A composição do CA e a seleção de seus membros são definidas mediante processo estruturado e consideram as necessidades da companhia.
- A remuneração do CA considera o valor econômico gerado, os riscos assumidos e não se baseia em resultados de curto prazo.
- As metas, avaliação e remuneração da Diretoria Executiva consideram objetivos de curto a longo prazo, incluindo aspectos socioambientais.
- Há, como um dos comitês de assessoramento ao CA, o Comitê de Auditoria.
- Há, como um dos comitês de assessoramento ao CA, o Comitê de GC.
- Há, como um dos comitês de assessoramento ao CA, o Comitê de RH e remuneração.
- Ninguém na companhia está envolvido em decisão sobre sua remuneração.
- O CA é o principal componente do sistema de GC da Companhia e seu principal protetor.
- O CA estabelece e monitora o plano de sucessão para o Diretor-Presidente da companhia.
- O CA monitora a implementação das recomendações referentes a demonstrações financeiras, controles internos, políticas e procedimentos.
- O sistema de controles internos e gestão de riscos são avaliados periodicamente por auditor externo independente.
- Os mandatos no CA e na Diretoria Executiva têm tempo determinado e recondução condicionada a alguma avaliação formal de desempenho.
No próximo artigo abordaremos o alinhamento aos níveis de maturidade.
Excelente insumo para o FACIN!
ResponderExcluirSeguindo a mesma linha do Modelo de Alinhamento com os Princípios do IBGP:
http://areasdeintegracao.blogspot.com.br/2015/07/alinhamento-das-acoes-aos-pilares-da_23.html
Um próximo passo poderia ser aproveitar a iniciativa do Prof. Souza Neto, porém no contexto da Governança Pública:
- Diretriz nº 1: Código IBGP como fonte referencial de boas práticas;
- Diretriz nº 2: Dimensões de maturidade (Princípios para boa Governança Pública);
- Diretriz nº 3: Níveis de Maturidade (de Governança Pública ou Arquitetura Corporativa – FACIN);
- Diretriz nº 4: Práticas e integração com as demais diretrizes.
Dessa forma ao final do trabalho poderíamos ter um Modelo de Maturidade para o FACIN ou para Governança Pública.
De fato, Guttenberg, um excelente insumo!. Entretanto, uma vez que os órgãos públicos estão subordinados ao controle externo realizado pelo TCU, julgo que os seus princípios de governança devem ser considerados mais fortemente.
ExcluirMuito bem lembrado Coutinho! Essa rede se estende também ao alinhamento com o Referencial Básico de governança do TCU, confira: http://areasdeintegracao.blogspot.com.br/2015/04/alinhamento-das-acoes-aos-pilares-da_16.html.
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