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Manifesto da Agilidade de Negócio - Parte 1


Por Antonio Plais

Na nossa postagem anterior falamos sobre a necessidade de agilidade das empresas no cenário de negócios atual, e sobre como a simples implementação de métodos ágeis no desenvolvimento de software não é suficiente para tornar a organização ágil e entregar o valor esperado pelas partes interessadas. Apresentamos o Manifesto da Agilidade de Negócio, de autoria de John Zachman, Roger Burlton e Ronald G.Ross, e introduzimos os dez Imperativos que dão sustentação aos Princípios do Manifesto.  

Nesta postagem, começaremos a apresentar com mais detalhes os Imperativos da Gestão. Os Imperativos explicitam os motivadores e as razões para a adoção dos Princípios da Agilidade, que por sua vez possibilitam à organização alcançar a Agilidade de Negócio. Notem que os Princípios decorrentes destes Imperativos não precisam ser adotados de uma vez, nem em sua totalidade, para que a organização possa colher os frutos da sua aplicação. A ideia central do Manifesto é que a sua própria adoção seja encarada como um processo contínuo e duradouro, e não como um projeto “bala de prata”, que pretenda resolver todos os problemas da organização em um passe de mágica.

Imperativo I: Facilitar a Mudança do Negócio

As empresas, de todos os setores e ramos de atividade, precisam se organizar de forma que as mudanças para o negócio sejam feitas em tempo mínimo, com custo mínimo, mínima perturbação e com mínimo risco de falha ("Mudança" inclui mudança no mercado, mudança regulatória, mudança tecnológica, mudança no mercado de trabalho, mudança de estratégia etc.).

É necessário que as organizações desenvolvam um desenho de negócio projetado para a flexibilidade, de forma a apoiar a mudança dos negócios que estiverem em curso baseando-se na separação das preocupações e aspectos da organização em variáveis independentes (ou seja: a capacidade de alterar um componente de negócio isolado, único, sem consequências ou impactos não intencionais sobre outros componentes relacionados). O objetivo é proporcionar implementações rápidas baseadas em componentes concebidos propositadamente para serem reutilizados em diversas implementações, minimizando assim os custos de desenvolvimento e o tempo necessário para a implementação, e reduzindo o retrabalho causado por deficiências e defeitos.

Para isto, o Manifesto considera que é necessário que a organização tenha acesso e capacidade de análise de uma Base de Conhecimento de Negócio para prever e mitigar os impactos das mudanças propostas. Esta Base de Conhecimento será detalhada mais à frente, mas podemos esclarecer de antemão que não estamos falando de qualquer solução tecnológica específica, mas algo muito mais amplo e abrangente, uma verdadeira fonte única da verdade sobre as motivações, direcionamentos, estrutura e forma de funcionamento da organização, abrangendo suas várias perspectivas, tais como: pessoas, processos, tecnologias, ativos, organização, estratégias, e assim por diante.

Imperativo II. Criar Valor – Valor para Clientes, Acionistas, Comunidade, Posteridade etc.

As organizações precisam desenvolver estratégias empregando a análise do ecossistema de negócio (incluindo a análise competitiva) para criar valor, especialmente para os clientes, mas também considerando os acionistas, a comunidade, os funcionários, a posteridade etc. As incertezas e mudanças constantes no mercado e nas condições de negócio não são justificativas para a falta de acompanhamento e avaliação das condições do ecossistema empresarial, bem como para a falta de planejamento e direcionamento estratégico. Pelo contrário, o desenvolvimento de estratégias empresariais que levem em consideração as condições fluidas do mercado é condição essencial para a prontidão para a mudança quando a necessidade para isso se apresentar.

As organizações devem objetivar a criação de uma capacidade de produção baseada em montagem sob demanda, a partir de um catálogo, para criar rapidamente produtos e serviços personalizados em resposta às demandas do mercado. A ideia é que o reuso e a configuração flexível de produtos e serviços seja a capacidade principal que torna a empresa capaz de buscar rapidamente as oportunidades de mercado e atender às novas demandas que seus clientes apresentam.

Esta agilidade na configuração de produtos e serviços é viabilizada pelo acesso e análise de uma Base de Conhecimento de Negócio para pesquisa e inovação em políticas de negócios, inventários, processos, redes de distribuição, responsabilidades e ciclos de tempo, sempre mantendo em mente as partes interessadas do ecossistema do negócio, bem como as internas ao próprio negócio. Rapidez no acesso à informação é condição primordial para a agilidade na reconfiguração da organização em atendimento às mudanças do ambiente de negócio.

Como pode ser visto, estes primeiros Imperativos tratam da constatação e aceitação de que a mudança contínua dos negócios é uma realidade inescapável para as organizações no mundo atual, e de que para sobreviver e prosperar as organizações precisam estabelecer uma capacidade de mudança perpétua como imperativo de negócio fundamental. 

Adicionalmente, a organização precisa estar em constante alinhamento com as suas partes interessadas, não apenas considerando os seus acionistas e controladores, mas também seus clientes e o seu ambiente externo. Uma organização com agilidade de negócio se reconfigura rapidamente porque seus produtos e serviços foram pensados, desde o início, com a flexibilidade e a possibilidade de reconfiguração em mente. Agilidade é algo que se constrói desde a concepção da oferta de valor da organização, e não algo que se persegue depois que um produto ou serviço (inflexível) foi criado e colocado no mercado.

Na próxima postagem, falaremos sobre mais dois Imperativos: Estratégia de Negócio e Segurança. Fiquem ligados...
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