Por Sergio Akio Tanaka
RESUMO
Nos artigos anteriores foram abordados os seguintes temas: i) Como são classificadas as cidades mais inteligentes do mundo, ii) Influência dos frameworks na arquitetura corporativa visando cidades inteligentes e iii) Arquitetura dos frameworks das cidades mais inteligentes do mundo. Neste artigo é apresentado uma análise comparativa das dimensões utilizadas pelos órgãos classificadores. Com o crescimento da utilização do termo cidades inteligentes, organizações focaram atividades para determinar a qualidade de vida dos moradores de núcleos urbanos, na economia, na sustentabilidade, no empreendedorismo e na inovação, entre outros aspectos. Porém, diferentes classificadores identificam os diversos fatores que compõem uma cidade inteligente. Com isso, este estudo teve como objetivo analisar os índices e identificar o objetivo central destes classificadores, assim como suas diferenças.
1. IESE CITIES IN MOTION
O Instituto de Estudos Superiores da Empresa (IESE) é o realizador do Cities In Motion Index (CIMI), classificador que tem como objetivo avaliar diferentes cidades em 10 dimensões consideradas as principais pela instituição: Economia, Capital Humano, Tecnologia, Meio Ambiente, Divulgação Internacional, Coesão Social, Mobilidade e Transporte, Governança, Planejamento Urbano e Gestão Pública.
O objetivo do índice, de acordo com o IESE (2017), é estimular um processo de revisão estratégica das cidades para se adaptarem ao crescimento populacional e suas consequências, apontando as possíveis prioridades de melhoria em cada uma delas e, assim, beneficiando a qualidade de vida de todos os meios metropolitanos. A Tabela 1 apresenta os melhores colocados no índice e a Tabela 2 as dimensões utilizadas nesses índices.
Tabela 1 – Cidades mais inteligentes do mundo de acordo com IESE (2017).
Tabela 2 - Dimensões do IESE
2. CONNECTED SMART CITIES
O ranking Connected Smart Cities, desenvolvido pela Urban Systems, apoia-se nos conceitos acadêmicos de cidades inteligentes relacionados à tecnologia, meio ambiente e sustentabilidade. Além disso, o ranking considera a conectividade entre os setores, isto é, a interoperabilidade de serviços entre os setores para uma boa eficiência dos serviços.
O objetivo principal do Connected Smart Cities é mapear as cidades com maior potencial de desenvolvimento no Brasil, utilizando indicadores baseados em 11 principais setores: Mobilidade, Urbanismo, Meio Ambiente, Energia, Tecnologia e Inovação, Economia, Educação, Saúde, Segurança, Empreendedorismo e Governança (URBAN SYSTEMS, 2017). A Tabela 3 apresenta as 10 cidades melhores colocadas no ranking e a Tabela 4 os setores avaliados pelo ranking.
Tabela 3 - Melhores colocados Connected Smart Cities
Tabela 4 - Setores e Avaliações do Connected Smart Cities
O terceiro órgão classificador analisado é o Endeavor que tem o foco no empreendedorismo e é apresentado na seção 3.
3. ENDEAVOR ÍNDICE CIDADES EMPREENDEDORAS
O Índice Cidades Empreendedoras (ICE) é um projeto do Instituto Empreender Endeavor e tem como objetivo mapear e diagnosticar as forças e fraquezas das cidades com relação ao ambiente de negócios. De acordo com Endeavor (2017), os empreendedores são peças-chave na construção da sociedade atual, mas enfrentam um ambiente extremamente burocrático e pouco transparente. Sendo assim, o ICE é direcionado:
- Aos gestores públicos, para uma análise holística de sua cidade, identificando os pontos de melhoria relevantes para atividade empreendedora e criar um ambiente atrativo aos empreendedores.
- Aos empreendedores, para um estudo e reflexão de onde estão as melhores oportunidades para seus empreendimentos e inovações.
- E aos cidadãos, como uma ferramenta para acompanhar o trabalho dos gestores e identificar as possíveis melhorias, possibilitando uma maior participação cidadã na gestão de suas cidades.
Tabela 5 - Classificação ICE
Tabela 6 - Pilares avaliativos Endeavor ICE
4. COMPARAÇÃO DOS RANKINGS
De acordo com as dimensões apresentadas nas seções 1, 2 e 3, é possível identificar as semelhanças e as diferenças entre os rankings. A Tabela 7 apresenta uma comparação do IESE CIMI com os demais órgãos.
Tabela 7 - Comparativo entre os órgãos classificadores
A Tabela 7 destaca as diferenças entre os rankings e as diferentes abordagens dos conceitos (ex: Divulgação Internacional, Mobilidade e Infraestrutura avaliam a conexão exterior às cidades, mas em níveis diferentes).
5. CONCLUSÕES
É destacado também a especialidade do Endeavor ICE, com elementos de cultura empreendedora, inovação, ambiente regulatório, entre outros aspectos. Estes conceitos são tratados de forma geral nos outros rankings e de forma específica no ICE. O mesmo avalia a qualidade de vida dos cidadãos de forma indireta, ao qualificar as cidades no interesse de prestadores de serviços ao meio metropolitano.
O Connected Smart Cities e o CIMI são semelhantes nos conceitos avaliados, porém os escopos de trabalho dessas classificações refletem na maneira que esses conceitos são aplicados. O Connected Smart Cities foca no acesso do cidadão aos serviços públicos básicos, fontes alternativas de energia e segurança, saúde e educação de forma específica e mais detalhada em relação ao IESE.
O IESE, por sua vez, generaliza serviços básicos à gestão pública e urbanismo e foca na coesão social e divulgação internacional da cidade. Isso indica um ambiente de atuação mais amplo, onde as necessidades básicas do cenário metropolitano já deveriam estar supridas.
Com este estudo, verificou-se que independente dos aspectos das análises, todos têm o objetivo de conscientizar a população sobre a situação de suas cidades e proporcionar aos gestores e governantes um relatório geral para possíveis mudanças e melhorias, analisando a qualidade de vida, acesso à informação e conectividade em geral para os cidadãos.
Referências
IESE. IESE Cities in Motion Index. Iese Business School: University of Navarra. Navarra - ES. 2017.
URBAN SYSTEMS. Ranking Connected Smart Cities. Urban Systems. São Paulo - BR. 2017.
ENDEAVOR. Índice de Cidades Empreendedoras - Brasil 2017. Endeavor Brasil. São Paulo – BR. 2017.
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