O “United Nations Department of Economics and
Social Affairs” (UNDESA) publica desde 2003 um relatório intitulado “United Nations E-Government Survey” com
o objetivo de avaliar o índice de desenvolvimento em governo eletrônico de
todos os 193 estados membro.
Para avaliar a
tendência do desenvolvimento do e-gov brasileiro serão analisados os Relatórios
de Desenvolvimento de Governo Eletrônico da ONU, desde 2008 até a recente
publicação em 2016, totalizando 5 pesquisas publicadas bianualmente (United
Nations, 2008-2016).
A metodologia da
UNDESA utiliza, para avaliar o desenvolvimento em e-gov dos países, o índice de
desenvolvimento em governo eletrônico (EGDI), que é uma média ponderada de três
pontuações sobre as dimensões do e-gov: índice de serviços online (OSI), índice
de infraestrutura de telecomunicação (TII) e índice de capital humano (HCI). Para
compor o conjunto de índices OSI, os pesquisadores da ONU acessam o portal
nacional de cada país, o portal de e-serviços, e-participação, assim como os
portais dos Ministérios da Educação, Trabalho, Serviços Sociais (no caso do
Brasil, Previdência Social), Saúde, Finanças e Meio Ambiente (Musafir, 2014).
Na Tabela 1
podemos observar a evolução do Brasil no índice EGDI, nos índices que o compõem
e no índice e-participação, a partir de 2008. Neste ano, o Brasil ocupava a 45ª
posição no ranking mundial, em 2010 teve o seu pior
desempenho obtendo a 61ª posição. De 2010 até 2014, O Brasil subiu duas posições a cada
avaliação, alcançando a 57ª posição. Entretanto, nesta última pesquisa de 2016,
o país subiu 6 posições, passando para a 51ª no ranking global.
E os índices que compõem o EGDI?
No índice OSI, o
Brasil ocupava a 30ª posição em 2008, passando para a 55º posição em 2010 e
obteve uma melhora significativa em 2012, alcançando a 22º posição. A partir de
2014, a
ONU parou de divulgar a posição no ranking
dos índices que compõem o EGDI, mas pelo valor do índice podemos inferir que
houve uma queda em 2014 e uma significativa ascensão em 2016.
Pela
análise dos índices que compõem o EGDI, pode-se constatar que a melhora no
índice global na última pesquisa deve-se principalmente ao índice de serviços
online que passou de 0,5984 para 0,7319, pois os outros dois índices
(telecomunicações e capital humano) tiveram pequenas variações de 2014 para
2016.
No
índice de infraestrutura de telecomunicações, o Brasil ocupava a 70ª posição em
2010 e caiu para a 77ª posição em 2012, enquanto que no índice de capital
humano passou da posição 83ª para 78ª neste período. De 2012 para 2016, a infraestrutura de
telecomunicações melhorou um pouco a cada avaliação e o capital humano teve comportamento inverso.
Tabela 1 – Índice de Governo Eletrônico, seus
componentes e correspondentes posições do Brasil no Ranking Mundial
2008
|
2010
|
2012
|
2014
|
2016
|
|
Índice de Governo Eletrônico (EGDI)
|
0,5679
|
0,5006
|
0,6167
|
0,6008
|
0,6377
|
Posição do EGDI no ranking mundial
|
45ª
|
61ª
|
59ª
|
57ª
|
51ª
|
Índice de Serviços Online (OSI)
|
0,6020
|
0,3683
|
0,6732
|
0,5984
|
0,7319
|
Posição do OSI no ranking mundial
|
30ª
|
55ª
|
22ª
|
----
|
----
|
Índice de Infraestrutura de
Telecomunicações (TII)
|
0,2181
|
0,2538
|
0,3568
|
0,4668
|
0,5025
|
Posição do TII no ranking mundial
|
----
|
70ª
|
77ª
|
----
|
----
|
Índice de Capital Humano (HCI)
|
0,8825
|
0,8837
|
0,8203
|
0,7372
|
0,6787
|
Posição do HCI no ranking mundial
|
----
|
83ª
|
78ª
|
----
|
----
|
Índice de e-Participação (EPI)
|
0,4545
|
0,2857
|
0,5000
|
0,7059
|
0,7288
|
Posição do EPI no ranking mundial
|
23ª
|
42ª
|
31ª
|
24ª
|
37ª
|
Fonte: Elaborado a partir dos Relatórios de
Governo Eletrônico da ONU (United Nations, 2008-2016)
Na
análise global dos índices, o Brasil está classificado como “Alto EGDI”, “Alto
OSI” e “Alto EPI”, pois esses 3 índices estão entre 0,50 e 0,75, conforme
Tabela 1. Cabe salientar que com uma
pequena melhora no índice OSI que alcançou 0,7319 em 2016, o Brasil seria
classificado como “Muito Alto OSI”. Dos 193 países membro, 29 estão
classificados como “Muito Alto EGDI” (índice entre 0,75 e 1,0) e 65 países como
“Alto EGDI” (United Nations, 2016).
O
Reino Unido é o líder no ranking de
desenvolvimento em governo eletrônico esse ano, seguido da Austrália e Coréia
do Sul que perdeu a liderança obtida nas duas últimas avaliações. O EUA
surpreendentemente deixou de fazer parte do top 10, passando da 7ª posição em
2014 para a 12ª em 2016.
As
recentes políticas públicas brasileiras como a Política de Governança Digital,
a Estratégia de Governança Digital e o desenvolvimento da arquitetura
corporativa FACIN indica que o Brasil está no caminho para o aprimoramento dos serviços eletrônicos (serviços digitais), mas precisa investir
muito mais na infraestrutura de telecomunicações e no capital humano, pois
nesses dois índices, o desempenho a nível mundial está abaixo do esperado.
No próximo post será analisado o comportamento do índice e-participação,
que está relacionado ao uso dos serviços digitais que incentivam a participação
social do cidadão nos processos democráticos e no engajamento do cidadão no
processo de tomada de decisão do governo. Até breve!!
Referências
Musafir, Valéria
E. N. (2014). O Papel Estratégico do Serpro no Desenvolvimento do Governo Eletrônico
Brasileiro. Trabalho de Conclusão do Curso de Pós Graduação em
Gestão Pública com Foco em Negócios. Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade. Universidade de Brasília, Brasília, Brasil, Agosto 2014.
United
Nations (2008). United Nations E-Government Survey 2008. New York: UN.
United
Nations (2010). United Nations E-Government Survey 2010. New York: UN.
United
Nations (2012). United Nations E-Government
Survey 2012. New York: UN.
United
Nations (2014). United Nations E-Government Survey 2014. New York: UN.
United
Nations (2016). United Nations E-Government Survey 2016. New York: UN.
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