Transparência Organizacional
Modelo
de Maturidade em Transparência Organizacional – Nível 2
No artigo anterior, apresentei o Modelo de Maturidade em Transparência Organizacional cujo objetivo é estabelecer um caminho evolutivo para que organizações implementem o conceito de transparência.
Hoje vou falar um pouco sobre o nível 2 do modelo.
Ah! Pulei o nível 1 pois este é o nível onde praticamente todas as empresas se encontram hoje em dia: A algumas empresas públicas e privadas até disponibilizam informações ao ambiente externo, mas isso não é feito de forma sistemática e de acordo com critérios formalmente estabelecidos.
O nível 2, chamado de Divulgado, tem como foco as características e práticas que garantam às organizações principalmente a capacidade de permitir o acesso às suas informações (Acessibilidade, na estrutura de Cappelli (2009)). As capacidades de uso, apresentação, entendimento e auditabilidade são também consideradas, porém com menor enfoque, com o intuito de dotar a informação divulgada de qualidade, entendimento e formatação mínimas. A figura abaixo apresenta uma visão de atendimento das características propostas e o grau de atendimento que cada nível intenciona oferecer. Este nível foi apresentado formalmente em Audiência Pública em 17/09/2013.
Um estudo das principais normas regulatórias brasileiras relativas à transparência, como a Lei da Transparência (LEI 131, 2009), a Lei de Acesso à Informação (LEI 12.527, 2011), o Decreto n 7.724/2012 (que regulamenta a Lei 12.527/2011) e o Decreto 6.932/2009 (que diz respeito à simplificação do atendimento público prestado ao cidadão), foi também realizado para a construção do Nível 2.
As diretrizes encontradas nestes instrumentos regulatórios também apontam para que o foco inicial de preocupação das organizações esteja em garantir o acesso à informação. As características que compõem o Nível 2 são descritas na tabela abaixo.
Característica |
Descrição |
Publicidade
|
Capacidade de se tornar público.
|
Disponibilidade
|
Capacidade de ser utilizado no momento que for necessário.
|
Portabilidade
|
Capacidade de ser utilizado em diferentes ambientes.
|
Operabilidade
|
Capacidade de estar operacional
|
Clareza
|
Capacidade de nitidez e compreensão
|
Atualidade
|
Capacidade de estar no estado atual
|
Integridade
|
Capacidade de ser sem lacunas
|
Detalhamento
|
Capacidade de descrever em minúcias
|
Verificabilidade
|
Capacidade de identificar se o que está sendo feito é o que deve ser
feito
|
Rastreabilidade
|
Capacidade de seguir o desenvolvimento de uma ação ou construção de
uma informação, suas mudanças e justificativas.
|
Acurácia
|
Capacidade de processamento isenta de erros sistemáticos.
|
Cada nível de maturidade reúne características que são desejáveis para que a organização alcance o objetivo definido pelo nível. O modelo define então práticas para a implementação de cada característica em cada nível. As práticas ajudam às organizações a definirem o que deve ser aplicado em seus procedimentos e políticas internas para que se tornem aderentes às características de transparência. A implementação das práticas determina a elaboração de produtos específicos, também sugeridos pelo modelo.
Na tabela ao final deste artigo é apresentado um resumo das práticas de cada característica do nível 2 e os produtos de trabalho associados. Vejam que eu grifei no parágrafo anterior as palavras “o que”. Isso significa que o modelo não pretende dizer como a característica deve ser implantada, mas o que deve ser feito. Cada empresa deve analisar suas características, forma de relação com a sociedade e outras empresas, estratégias, demandas, etc.
Por exemplo, para implementação da característica de Publicidade, a prática P3 estabelece que a empresa deve “Identificar locais e canais de divulgação de informações” e como produto de trabalho ela deve estabelecer a lista de locais de comunicação e lista de meios de comunicação. Então cada empresa deve avaliar internamente quais meios de comunicação são mais interessantes, ou obrigatórios (no caso de órgão e entidades Federais existe o guia para implantação da seção de Acesso a Informação nos sítios eletrônicos).
Um projeto piloto para avaliação do nível 2 do Modelo foi realizado na UNIRIO. Esta universidade, que é uma organização pública, possui uma Biblioteca Central, aberta tanto ao público interno da universidade – alunos e professores - como ao público externo à universidade - a comunidade do Rio de Janeiro. Como resultado, já sabíamos que a Biblioteca não atendia ao nível 2 do modelo de maturidade, porém o estudo serviu para identificar melhorias: na descrição das práticas e produtos de trabalho; na planilha de verificação deste itens (que pode ser usada como insumo para o modelo de avaliação do nível 2); e no processo de execução do piloto e da avaliação do nível 2.
Nos meu próximo artigo continuo apresentando e discutindo mais alguns aspectos do modelo de maturidade.
Referências:
CAPPELLI, C., “Uma Abordagem para Transparência em Processos Organizacionais Utilizando Aspectos”. Tese (Doutorado em Ciências - Informática) - PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2009. Orientador: Julio Cesar Sampaio do Prado Leite.
Comentários
Postar um comentário