AVISO AOS LEITORES: Este meu primeiro post pode conter, para
alguns leitores, grande demonstração de frustração e preocupação. Essa, porém,
é a minha fonte principal de otimismo e esperança sem fim pois, afinal de
contas, é para enfrentar desafios que buscamos canalizar aquela energia
potencial que todos temos a partir do momento em que consigamos crer em uma solução,
mesmo que complexa e trabalhosa.
As palavras do título são apenas uma pequena amostra
daquelas que precisam fazer parte do vocabulário básico de qualquer
profissional que queira ser parte ativa e integrante da comunidade
internacional de normalização. Além delas, existem mais alguns termos para
guardar no bolso: geopolítica, liderança tecnológica, comércio internacional,
competição entre países, competição entre empresas, egos, status quo, agendas
políticas, visão global, todos eles enfiados num baú chamado estratégia, do
qual você retira cada um dos termos para conseguir levar este baú até o destino
desejado.
Estive, recentemente, em uma feira de comércio internacional
na China. Centenas de pequenas empresas, ampla área industrial, investimentos
impressionantes em infraestrutura, tudo isso definido por uma faixa que fiz
questão de fotografar.
Ok, mas o que isso tem a ver com os termos do primeiro
parágrafo? No meu ver, o processo corre assim: Competição entre países -> Agendas políticas -> Estratégia
-> Presente -> Observação -> Futuro -> Liderança.
Se observarmos os movimentos atuais da China dentro da
organização mundial de normas (ISO), veremos que várias das propostas de novos
trabalhos referentes a serviços são oriundos da China. Muitas dessas normas já devem
ter sido publicadas em âmbito local e, agora, estão sendo internacionalizadas para
facilitar a entrada do país no comércio internacional de serviços amparados, em
futuro próximo, por uma série de normas internacionais que azeitam a máquina de
contratos e relações comerciais.
E,
aqui, a execução da estratégia deles é particularmente interessante e deveria
ser avaliada com carinho por nossos economistas e entidades de governo federal
que, pelo menos teoricamente, deveriam estar preocupadas(os) com nossas
estratégias industriais de longo prazo. Esta execução de estratégia pela é visível em múltiplas áreas (são membro de 739 comitês técnicos da ISO) e
posso destacar:
- ISO/TC 249 Traditional chinese medicine
- ISO/TC 20 - Aircraft and space vehicles
- ISO/TC 22 - Road vehicles
- ISO/TC 85 - Nuclear energy, nuclear technologies, and radiological protection
- ISO/TC 154 - Processes, data elements and documents in commerce, industry and administration
- ISO/TC 171 - Document management applications
- ISO/TC 173 - Assistive products for persons with disability
- ISO/TC 176 - Quality management and quality assurance
- ISO/TC 215 - Health informatics
- ISO/TC 225 - Market, opinion and social research
- ISO/TC 258 - Project, programme and portfolio management
- ISO/TC 268 - Sustainable development in communities
- ISO/TC 290 - Online reputation.
Deixei de lado, propositadamente, a participação massiva
deles no ISO/IEC JTC 1 Information technology, no qual são membros Participantes
(P-member), não apenas no nível mais alto do JTC 1 como também em TODOS os seus
subcomitês.
Focando em tecnologia da informação, como se apresenta o Brasil (membro de 321 comitês técnicos da ISO)? Apesar de toda sua liderança política
e econômica na América Latina, não vai além do status de Observador (O-member), P-member em 5 de seus subcomitês e O-member em um dos subcomitês. Para
minha enorme frustração, depois de tantos anos participando ativamente do
processo de adoção pelo e-Ping da norma ODF, com gande destaque nos idos anos 2007-2010, este único subcomitê em que somos O-member é justamente aquele
responsável pela adoção internacional de
jure do ODF. Triste, muito triste de ver, sem falar na nossa ausência
nas discussões sobre normas de acessibilidade em TI.
E para deixar um pouco mais de pulgas atrás das orelhas, no
JTC 1 a China lidera as discussões de Cidades Inteligentes e tem presença
massiva no subcomitê de Computação em Nuvem do JTC 1. E a liderança das discussões sobre
Internet das Coisas é da Coréia do Sul (afinal de contas, é um o país que
hospeda uma gigantesca indústria de dispositivos eletrônicos).
Preciso escrever mais? Preciso sim, e vou continuar por aqui
numa série de posts sobre os trabalhos dos quais participo, daqueles que
acompanho e dos comportamentos que podem ser, pelo menos, deduzidos das
notícias do mundo de padrões.
Um grande abraço a todos.
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