Pular para o conteúdo principal

Arquitetura dos Frameworks das Cidades mais Inteligentes do Mundo


Por Sergio Akio Tanaka

RESUMO
No primeiro artigo foi apresentado como são classificadas as cidades mais inteligentes do mundo. No segundo mostramos a relação dos frameworks e suas influências nas cidades mais inteligentes. Neste artigo é apresentado um estudo da arquitetura e o relacionamento dos principais frameworks e códigos de governança utilizados pelas respectivas cidades.

1 FRAMEWORKS DAS CIDADES MAIS INTELIGENTES
A Tabela 1 apresenta a relação entre frameworks/códigos de governança utilizados e as cidades mais inteligentes do mundo de acordo com o IESE (2017). Nas seções seguintes são apresentadas as arquiteturas dos frameworks de acordo com as cidades relacionadas.

1.1 Cidade de Nova Iorque, Boston, São Francisco e Washington D.C. – EUA
As cidades de Nova Iorque, Boston, São Francisco e Washington D.C., dos Estados Unidos (EUA) utilizam o Federal Enterprise Architecture Framework (FEAF).
O FEAF foi construído para ser inserido nas organizações e para suporte à prestação de serviços aos órgãos públicos, privados nacionais e internacionais. Os segmentos arquitetônicos do framework foram desenvolvidos individualmente com uma estrutura padronizada que  são considerados segmentos principais, onde o framework está implementado (FEAF, 2013).

O FEAF trata de conceitos generalizados dentro de cada segmento arquitetônico, como metas prioritárias, planejamento estratégico, serviços comerciais, habilitação de aplicações, dados e informações, infraestruturas de hosts, controles de segurança, planejamento de capital, gestão de programas e de capital humano nos segmentos internos alinhados com o roadmap da corporação (FEAF, 2013). A Figura 1 apresenta a estrutura do framework. 






1.2 Londres – Reino Unido

O Reino Unido tem como framework de governança e arquitetura corporativa o Cross-Government Enterprise Architecture (xGEA). O objetivo do framework é desenvolver os negócios e os blueprints de TI para auxiliar o desenvolvimento das agências governamentais através de padrões estabelecidos entre as agências. Tem foco no suporte efetivo à tomada de decisão das companhias para sucesso ao longo prazo, o xGEA provê um framework com leis, regras e práticas para alinhar os interesses entre os stakeholders, incluindo colaboradores, clientes, fornecedores, credores e pensionistas da comunidade (Mahmood, 2013).
O xGEA possui o Cross-Government Enterprise Architecture Reference Model (xGEARM), documento que contém os modelos arquitetônicos utilizados no framework e os domínios nos quais o framework é ou pode ser aplicado na implementação do mesmo. A Figura 2 apresenta o modelo de referência do xGEARM, e a Figura 3 apresenta o modelo e a ferramenta de reutilização de soluções. 
O xGEA possui um modelo para solução através da interoperabilidade dessas soluções com as demais agências que utilizam o framework. Estes modelos tem como objetivo entender as oportunidades de mudança, entender o modelo recebido através da oportunidade e a comparação dos modelos com o contexto abrangente do framework e a execução da mudança na organização.




1.3 SEUL- Coréia do Sul
O Government-wide Enterprise Architecture Framework (GEA) é o framework utilizado em Seul, capital da Coréia do Sul. O framework é definido como uma estrutura lógica para organizar e classificar componentes arquitetônicos e seus relacionamentos em nível governamental (NCA, 2009). A Figura 4 apresenta a arquitetura do framework.




O framework auxilia a gestão do desenvolvimento, implementação e manutenção da Arquitetura Corporativa (AC) em nível governamental alinhado com os requerimentos que preencham a estratégia da arquitetura. A estratégia aborda a transição da organização do ponto atual até o ponto almejado, juntamente com os produtos essenciais para o funcionamento da agência para representar uma visão ampla da perspectiva da corporação.

O modelo arquitetônico do GEA contém uma versão simplificada do Zachman Framework, contendo os papéis Planner, Owner, Designer, Developer e os campos Data, Function, Organization, Infrastructure. 



1.4 Amsterdã - Holanda
De acordo com Janssen e Hjort-Madsen (2007), o modelo arquitetônico utilizado por Amsterdã, na Holanda, o National Enterprise Architecture (NEA) é baseado parcialmente em Zachman (1987). A arquitetura inserida no NEA têm seus requisitos direcionados a Europa, Governo Holandês, empresas inseridas no país e aos cidadãos holandeses. É utilizada uma abordagem arquitetônica focada em serviço para o suporte aos requisitos levantados pelos stakeholders. A Figura 5 apresenta a visão do framework. 


1.5 CÓDIGOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
O código de governança corporativa é um guia para vários componentes-chaves da prática efetiva do comitê de arquitetura. Baseia-se nas boas práticas de governança: responsabilidade, transparência, integridade e foco no sucesso sustentável de uma entidade em longo prazo (FRC, 2016).
O código de governança corporativa da França, o AFEP-MEDEF Corporate Governance Code (AFEP-MEDEF, 2016), foi criado e é mantido pelos chefes executivos de estado e de organizações públicas e consiste em um conjunto de recomendações de boas práticas e de governança para utilização em organizações públicas e privadas.
Estas recomendações às organizações inseridas na França oferecem a melhora em seu funcionamento, gestão, governança e transparência, assim, facilitando seu crescimento sustentável e respondendo às expectativas dos investidores e da sociedade (AFEP-MEDEF, 2016).
O código de governança da Alemanha, o German Corporate Governance Code (Kodex) (Regierungskommission, 2017), apresenta regulamentos essenciais para a administração e supervisão de empresas inseridas na Alemanha e contém, sob a forma de recomendações e sugestões, padrões reconhecidos internacional e nacionalmente para uma governança corporativa boa e responsável.
O objetivo do Kodex é tornar o sistema alemão de governança corporativa transparente e compreensível, a fim de promover a confiança na gestão e supervisão das empresas alemãs e da sociedade.

2 FRAMEWORK BRASILEIRO
O Framework de Arquitetura Corporativa para Interoperabilidade no Apoio à Governança (FACIN) busca construir uma visão consistente dos modelos de representação de negócios presentes nas organizações governamentais, estabelecendo padrões de interoperabilidade e a AC. O FACIN também apoia a estratégia de governança digital para melhor atendimento à sociedade (cidadãos, governo, organizações e empresas) (FACIN, 2017).
A Figura 6 representa os domínios nos quais o framework pode ser aplicado, sendo eles Governança, Riscos e Conformidades, Estratégia, Negócios, Aplicações, Dados, Infraestrutura, Segurança, Programas e Projetos, Sociedade, Padrões, Aspectos Legais e Melhores Práticas.


Os padrões estabelecidos pelo FACIN são adaptados de padrões internacionalmente reconhecidos como o The Open Group Architecture Framework (TOGAF) e o Archimate Modeling Language conforme apresentado na Figura 7.

Figura 7 – Archimate full framework versus TOGAF – Fonte: The Open Group (2016)

2.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o posicionamento de 101 a 137 das cidades brasileiras na classificação internacional de cidades inteligentes (IESE, 2017), também é um dos objetivos do FACIN promover através desses mecanismos o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras, e como consequência uma melhora no posicionamento das cidades nestas classificações melhorando a qualidade de vida das pessoas.

REFERÊNCIAS
IESE. CITIES IN MOTION: Index 2017. Instituto da Educação da Empresa. Navarra, Espanha. 2017. Disponível em: <http://citiesinmotion.iese.edu>. Acesso em: 17 nov. 2017.
Federal Enterprise Architecture Reference Model. Obama White House. Washington DC, EUA. 2013. 
MAHMOOD, Zaigham. Developing E-Government Projects: Frameworks and Methodologies. Frameworks and Methodologies. [s.l.]: Advances In Eletronic, Digital Divide And Regional Development, 2013.
Government-wide Enterprise Architecture In KOREA v1.2 – NCA 2009.
JANSSEN, M. HJORT-MADSEN, K. Analyzing Enterprise Architecture in National Governments: The cases of Denmark and the Netherlands. IEEE Computer Society Washington. DC, USA, jan 2007.
ZACHMAN, J.A. A Framework for Information Systems Architecture. IBM  Systems Journal, [s.l.], v. 26, n. 3, p.276, jan. 1987.
FRC. The UK Corporate Governance Code. Financial Reporting Council, Londres - Inglaterra, abr. 2016.
ICGN. AFEP/MEDEF Code: French Corporate Governance Code of Listed Companies. International Corporate Governance Network, Paris - França, abr. 2018.
REGIERUNGSKOMMISSION. German Corporate Governance Code. Regierungskommission Deutscher Corporate Governance Kodex, Berlim – Alemanha, fev. 2017. 
FACIN. MODELO DE REFERÊNCIA. Governo Digital Brasileiro. Distrito Federal, BR. 2017.
The Open Group. The Open Group Architectural Framework. The Open Group. [s.l.], jan. 2005.
THE OPEN GROUP. A Pocket Guide to the ArchiMate® 3.0 Specification. The Open Group, 2016.




Voltar

Comentários