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Decisões como dados dinâmicos - Um caso prático (parte 5)


Postagem anterior nesta série

Na postagem anterior mostramos como o Diagrama de Requisitos de Decisão (DRD) nos permite mostrar quais são os requisitos de informação e as dependências entre uma decisão "principal" e outras decisões de suporte que possam ser necessárias. Para referência, esta é a primeira versão do DRD que vem sendo construído para determinar a Conformidade da Documentação de Solicitação de Passaporte Brasileiro:


Este diagrama, mesmo simples, já nos indica a complexidade desta decisão (em função da quantidade de informações de entrada necessárias) e nos permite, ainda, começar a entender o papel de cada peça de informação na decisão final. Mas isso não é tudo! Vamos começar, agora, a mergulhar na modelagem da LÓGICA que transforma estes dados de entrada (as condições) em um dado de saída (a conclusão) que estamos procurando e, neste processo, evoluir este DRD até que toda a lógica esteja descrita.

Vamos começar pela primeira regra (veja todas as regras aqui):

  • Formulário Eletrônico de solicitação

E é só isso? O que, exatamente, esta regra quer dizer? O formulário deve estar preenchido? Se sim, este preenchimento implica em outras regras de consistência de dados (quais informações são obrigatórias, quais não são, por exemplo) ou de preenchimento? Como as informações deste formulário se integram com a documentação que está sendo fornecida?

Este é um problema comum quando modelamos decisões: lógica de decisão que é baseada em PRESSUPOSTOS ou CONHECIMENTO não explícito, e que depende de interpretação de quem toma a decisão. Em condições reais, nós teríamos que elicitar todas as lógicas e as regras de negócio relacionadas ao preenchimento deste formulário eletrônico; para este exercício, vamos presumir que ele tenha sido, simplesmente, preenchido de alguma forma. Assim sendo, derivamos desta regra uma DECISÃO DE SUPORTE para a nossa decisão final: FORMULÁRIO ELETRÔNICO PREENCHIDO, incluímos o dado associado no nosso glossário e alteramos nosso DRD:



É importante reforçar e explicar, neste ponto, o título desta série de postagens: Decisões como Dados Dinâmicos. O que isso quer dizer, exatamente?

O dado que acabamos de criar e definir (Formulário Eletrônico Preenchido) não existe em nenhum banco de dados, formulário, ou qualquer forma de registro permanente; ele deve ser determinado DINAMICAMENTE no momento em que é necessário, a partir das regras de negócio que o suportam. Ele é um Dado Dinâmico! No nosso caso, a regra é (aparentemente) simples: o formulário eletrônico foi ou não preenchido? Somente neste momento é possível determinar o VALOR DE DOMÍNIO atribuído a este dado (Sim ou Não) e utilizá-lo onde necessário. Eventualmente poderíamos, se for do interesse do negócio, registrar esta informação após o fato, ou seja, registrar que no momento da conferência da documentação o formulário estava ou não preenchido. Mas, isso, é outra história, e voltaremos à ela mais adiante.

Qual é a importância dos Dados Dinâmicos para as organizações? Uma discussão mais completa pode ser encontrada aqui, mas a mensagem final é que "O negócio é operado principalmente sobre dados não persistentes". O que isso significa? Significa que todos os dados que armazenamos nos nossos arquivos, sejam eles físicos ou eletrônicos, servem a um único objetivo: suportar a geração dos dados dinâmicos que expressam nossas decisões de negócio.

Pense sobre isso, e verifique se, na sua organização, a lógica que deriva os dados de conclusão a partir dos dados de condição estão claras, explícitas, conhecidas e compreendidas por todos. Você pode descobrir (com preocupação) que o maior diferencial, e o maior ativo, da sua organização permanece esquecido no fundo de algum processo, sistema, ou na cabeça de alguém que está prestes a se aposentar, completamente escondido e enterrado da vista, e do controle, da empresa.

Na próxima postagem, vamos avaliar as regras para conferencia da identificação do solicitante, e veremos como modelar uma lógica um pouco mais complexa. Até lá!


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