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Como Arquitetura Corporativa pode apoiar a implantação de Transparência Organizacional

Como Arquitetura Corporativa pode apoiar a implantação de Transparência Organizacional
A Arquitetura TOGAF no apoio a implantação de Transparência – Fase D



No artigo anterior eu discuti o desenvolvimento da Fase C tendo como objetivo a implantação de transparência organizacional. 

O desenvolvimento das Fases B, C e D, acontecem a partir da Fase A do TOGAF, onde todos devem ter uma ideia comum e compartilhada da expectativa de como realizar o trabalho e do resultado esperado. O objetivo é construir os modelos necessários para entender os conceitos e como a organização funciona (chamada arquitetura de linha de base) e o que deve melhorar e se quer alterar/evoluir (chamada arquitetura alvo). 

Repetindo pela última vez o último artigo, na analogia com a construção de uma casa, imagina que agora é necessário criar os modelos que representem diversos aspectos da sua construção.


É assim também com transparência! Transparência não está somente na arquitetura de dados (uma informação que deve ser transparente), mas também nos processos de negócio, na visão estratégica, nos sistemas de informação, nas tecnologias utilizadas e na infraestrutura que suporta tudo isso. Quando se constrói e analisa cada modelo desses que é criado, transparência converte-se em um requisito desta análise. 

Só um lembrete: Quando falamos que a partir da fase A, desenvolvemos as fases B, C e D, isso não quer dizer que serão sempre construídos modelos das três fases (alguns chamam de domínio). Exemplo: Um conjunto de informações não será trabalhado em nenhum sistema nesse momento, somente ficará armazenado no banco de dados (pensar em sistema está previsto em uma rodada futura). Então não faz sentido pensar na fase D para esse conjunto de informações. Dependendo do objetivo da rodada, não será nem trabalhado na fase C. Por isso a fase A é tão importante: Ela estabelece o que será trabalhado, e em que nível. Equaliza expectativas!


Então vamos ao que interessa: Hoje eu vou falar sobre a fase D. Arquitetura de Tecnologia.



As perguntas, de uma forma geral, estão agora relacionadas à: Qual a infraestrutura atual de software, hardware e comunicações e como essa infraestrutura dá apoio ao uso de sistemas e dados? Qual é visão de futuro para evoluir este apoio e identificar os gaps existentes?

Esta fase envolve a construção das arquiteturas de tecnologia de software e hardware e comunicação entre si e com a arquitetura de Sistemas de Informação de linha de base (atual / as-is) e alvo (futura / to-be). E a partir daí são analisadas as diferenças (gap analysis).

Um dos modelos de uma Arquitetura de Tecnologia trata dos modelos de servidores.

Lá naquele nosso exemplo do artigo anterior, os processos X, Y e Z foram selecionados dentro do escopo da rodada de arquitetura na fase A. Na fase A, foram definidos os processos e foram definidos os requisitos de transparência que são relevantes, necessários ou mandatórios para o escopo definido.

No exemplo as características de transparência selecionadas foram: Publicidade, Portabilidade, Clareza e Rastreabilidade.

Na fase C, foram modelados os dados manipulados pelos processos X, Y e Z e também os sistemas de aplicação que são utilizados na sua execução. 

Agora na fase D, vamos identificar e modelar os servidores que são responsáveis por armazenar e prover acesso a esses dados e sistemas. Esse é meu ponto de partida. Então quero olhar para o futuro e definir como deveria ser dado um horizonte de 12 meses. 

Publicidade

Uma das ações necessárias para implantar essa característica de transparência é se certificar que os servidores sejam estáveis e estejam operando 24x7 de forma consistente, segura e com baixo tempo de resposta. É necessário conhecer e modelar a infraestrutura de software em termos dos servidores de aplicação e de gestão de dados e sua relação com cada dado e cada processo que dá suporte e relacioná-la com os elementos da infraestrutura de hardware e física como computadores do tipo servidor, redes de comunicação, infraestrutura de data center, etc.

Atualmente os servidores de software e hardware atendem a demanda, porém não existe um modelo que relacione e mantenha o conhecimento sobre essa relação e nem o conhecimento da curva de crescimento do uso destes servidores baseado no uso dos sistemas.

Portabilidade

Uma das ações necessárias diz respeito a permitir o acesso às informações em diferentes formatos. Então é preciso definir onde cada dado, para cada tipo de formato, estará sendo armazenado e como pode ser acessado. Além disso, os sistemas de aplicações devem poder ser acessados de diferentes navegadores de diferentes sistemas operacionais.

Atualmente muitos sistemas do governo não suportam navegadores diferentes do Internet Explorer. Eu já liguei para perguntar.

Clareza

Uma das ações necessárias está relacionada a definir formas de apresentação da informação que sejam adequadas a cada público que a irá consumir. Da mesma forma é necessário definir onde cada informação estará sendo armazenada, para cada tipo de formato de escrita em que será apresentada, e como pode ser acessada. O usuário final, o cidadão, percebe isso, mas quando se projeta um sistema ou se recebe a solicitação sobre uma informação e se conhece o público para o qual essa informação vai ser veiculada, saber quais formatos existem, onde estão disponibilizados e como é acessá-los, é uma mão na roda, para não dizer que poupa alguns dias do projeto de desenvolvimento de soluções! E isso sim impacta na vida do cidadão! Quem desenvolve software sabe o quanto a busca (em algumas situações eu diria que parece mais uma garimpagem) por informações é uma atividade que tende a causar um grande estrago no cronograma do projeto.

Mas hoje, em várias situações até são estabelecidas linguagens diferentes para apresentar um mesmo assunto, mas não existe uma gerência transparente e sistemática sobre essas ações nem sobre onde essas informações estão armazenadas e por quais sistemas elas são utilizadas.

Rastreabilidade

Uma ação importante é identificar por onde os dados estão trafegando entre tecnologias de software e hardware. Uma ação importante é manter modelos que fazem o log da vida dos dados e processos e por onde passaram, quem manipulou e quando. 

Além disso, e mantendo o foco na arquitetura de tecnologia, é necessário manter o rastreamento de uso das soluções de software e hardware.

Acredito que hoje seja improvável saber quais sistemas são mais utilizados por uma empresa (imagina por uma empresa do tamanho do Governo?), quais servidores são mais utilizados e a taxa de uso. Como então prever evoluções dessa infraestrutura? Fica tudo sendo feito através de análises parciais ou até mesmo no “achismo”.

Estas situações representam uma visão bastante simplificada, mas reparem como modelos às vezes considerado simples já nos permitem ter conhecimento e transparência sobre os problemas, acertos e oportunidades? 

Formalizar e sistematizar essa organização permite não só implantar transparência, mas desenvolver a arquitetura corporativa da sua organização.

Terminada a modelagem e análise de gap, nos próximos artigos vou falar sobre as fases E, F, G e H que tratam da implantação de melhorias, governança e gestão da mudança.



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