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As nove Visões do FACIN – Parte 4 – Negócios

Olá leitor!

No artigo anterior abordamos a Visão de Estratégia do Framework de Arquitetura Corporativa para Interoperabilidade no Apoio à Governança (FACIN). No artigo de hoje apresentaremos a Visão de Negócios.

O Governo agrega organizações que desenvolvem atividades que têm por objetivo a entrega de produtos ou serviços à Sociedade (cidadãos, governos, organizações e empresas), que é o seu principal cliente.

A Visão de Negócios do FACIN pode ser definida como a combinação de padrões arquitetônicos e de design, ferramentas e orientações que capturam as metas e os objetivos do negócio, e alinham os componentes da arquitetura de negócios (processos, regras, serviços, etc.) que os realizam. A construção de uma boa Visão de Negócios leva à melhoria dos sistemas, processos e resultados para a organização, principalmente relacionados à entrega de produtos e serviços à sociedade com a máxima eficácia, menor custo e máxima aderência às suas necessidades. 

A Visão de Negócios contém os elementos que direcionarão a modelagem de dados, sistemas e aplicações (a serem tratados em suas respectivas visões), vitais para a entrega de serviços eletrônicos pelo governo brasileiro (www.governoeletronico.gov.br).

A implementação da Visão de Negócios em uma Organização Governamental requer a adoção de procedimentos e processos padronizados para sua adoção através das iniciativas de mudança, projetos e programas encarregados de realizá-las. As iniciativas de desenvolvimento de sistemas (apresentadas na Visão de Aplicações) devem incluir a avaliação, alinhamento e desenvolvimento prévio de uma arquitetura de negócios, definida pela Visão de Negócios, envolvendo modelos da situação atual e do estado futuro desejado, bem como das lacunas existentes entre estes dois estados, para estabelecimento dos requisitos de negócio e dos critérios de sucesso que estas soluções devem atender.

Os principais conceitos envolvidos na Visão de Negócios são apresentados na figura abaixo e descritos na sequência.

  • Clientes, Produtos e Serviços de Negócio: Descreve os produtos e serviços (incluindo contratos e acordos de nível de serviço relacionados) oferecidos pela organização para seu ambiente externo (Clientes). No contexto do FACIN, este ambiente externo engloba tanto os cidadãos e organizações externas ao setor público (setor privado e 3o setor), como outros órgãos de Governo, em todas as esferas, que possam fazer uso destes produtos, serviços e informações para o desempenho de suas atividades (cadeia estendida de valor), ou seja, o conjunto da Sociedade (definido na Visão de Sociedade).
  • Estrutura Organizacional e Funcional, Atores, Papéis, Conhecimentos e Habilidades: Descreve a organização hierárquica (relações de subordinação) e funcional (relações de especialização e responsabilidade) que formam a estrutura formal da organização. Descreve as habilidades, conhecimento, competências, capacitações, papeis e responsabilidades dos atores (pessoas ou entidades organizacionais) que formam a organização.
  • Lógica (regras) de Negócios: Descreve o conjunto das políticas, regras e decisões de negócio que regem, orientam e coordenam funcionamento da organização e a execução de seus processos.
  • Capacidades de Negócio: Descreve as capacidades de negócio que a organização deve possuir para desempenhar sua função e atingir seus objetivos de negócio, e seu relacionamento com a estrutura organizacional que as concretiza.
  • Cadeia de Valor e Processos de Negócio: Descreve o fluxo (sequência temporal) de atividades que são executadas para transformar insumos de entrada (informações ou materiais) em resultados de saída (informações, serviços ou produtos) através de operações padronizadas, visando a entrega de algo de valor para um Cliente (genericamente, alguém que tem interesse neste resultado).
  • Ontologia do Negócio: Descreve o conjunto de conceitos e vocabulários do negócio e axiomas que os relacionam, através de glossários, modelos de termos e fatos, modelos de áreas de interesse, e outros, que descrevem a estrutura de informações fundamental do negócio. Corresponde a um modelo de dados corporativo conforme definido no DAMA DMBOK.
Cada um destes conceitos se desdobra em outros, descritos detalhadamente no Modelo de Conteúdo do FACIN, os quais, em conjunto, objetivam promover a entrega de serviços compartilhados de forma que as organizações construam arquiteturas de negócios eficazes que permitam a compreensão comum dos objetivos, recursos, necessidades e capacidades de cada organização. Permite assim uma evolução coordenada e cooperativa entre as organizações visando a criação de um ecossistema governamental de serviços e produtos adequados às demandas da Sociedade.
Dessa forma, a criação de uma visão de negócios efetiva pode entregar benefícios para as Organizações Governamentais que incluem:
  • Uma percepção mais profunda do modelo atual de negócios para executivos e gestores, resultando em melhores decisões estratégicas sobre mudanças futuras;
  • Resposta rápida para as necessidades de transformação do negócio e flexibilidade na sua adaptação para crescimento;
  • O compartilhamento de produtos, serviços, processos, regras de negócio e outros ativos organizacionais, visando o aumento da eficácia do sistema governamental como um todo e a racionalização dos gastos governamentais para atender às necessidades da Sociedade.
Para a entrega dos produtos e serviços descritos na Visão de Negócios, é necessário que esta visão esteja totalmente alinhada às demais visões definidas na arquitetura corporativa da organização ou mesmo na de outros órgãos.  O diagrama abaixo mostra os principais fluxos de requisitos que são consumidos e gerados pela Visão de Negócios.


A figura não mostra todas as relações permitidas: cada elemento pode ter relações de composição, agregação e especialização com elementos do mesmo tipo.  Além disso, há relações indiretas que podem ser derivadas.

A fim de operacionalizar e gerir a Visão de Negócios, o FACIN sugere, mas não limita, que as organizações devam adotar ao menos os seguintes papéis:
  • Arquitetos de Negócios: desempenham um importante papel na comunicação e inovação da estratégia da organização. Eles utilizam diagramas, modelos, e percepções proporcionadas pela Visão de Negócios para continuamente defender a estratégia da organização e endereçar as necessidades das partes interessadas dentro do escopo dos objetivos da organização.
  • Analistas de Processos: possuem grande habilidade em entendimento e documentação de processos e padrões de desempenho. Criam modelos de estado atual (‘as-is’), realizam análise e avaliação de processos, sugerem melhorias de processos e alternativas de desenho, e fazem recomendações de transformação. Suas conclusões fornecem ideias para integração, desenho e estruturação de processos.
  • Analistas de Negócios: são responsáveis por descobrir, sintetizar e analisar informações de uma variedade de fontes em uma organização, incluindo ferramentas, processos, documentação e partes interessadas. O analista de negócios é responsável pela elicitação das necessidades reais das partes interessadas, o que frequentemente envolve investigar e clarificar seus desejos expressos, de forma a determinar os problemas e causas subjacentes.
  • Analistas de Regras e/ou Decisões de Negócio: é responsável, entre outras atividades, por capturar a lógica de negócio pertinente à organização, interpretá-la e expressá-la claramente, validá-la com as partes interessadas, refiná-la para melhor alinhá-la com os objetivos do negócio, e organizá-la de forma que possa ser efetivamente gerenciada e reusada.
  • Outros papéis relevantes: dependendo do tamanho e complexidade do serviço, a equipe de entrega também pode precisar do envolvimento de alguns dos seguintes papéis:
    • Alta Administração/Direção da Organização Governamental: Responsável pela governança corporativa da organização.
    • Alta Gestão da Organização Governamental: Responsáveis por definir os objetivos e serviços aplicáveis ao seu contexto, com base nas metas estabelecidas dentro do planejamento do Governo como um todo e do papel exercido por sua organização em particular.
    • Gestores intermediários da Organização Governamental: Responsáveis diretamente por metas específicas definidas dentro da Visão de Estratégia de sua Organização.
    • Comitê de Arquitetura da Organização Governamental: Responsáveis pela governança e gestão da Arquitetura Corporativa estabelecida na Organização.
Existem no mercado diversos trabalhos, guias de corpos de conhecimento, metodologias e boas práticas sobre diversos aspectos relativos à construção de uma arquitetura de negócios de sucesso. A seguir são citados alguns dos referenciais utilizados para a construção da Visão de Negócios do FACIN:
  • A Guide to the Business Analysis Body of Knowledge (Guia BABOK®) v3.0, IIBA®-International Institute of Business Analysis
  • Guide to the Business Process Management Common Body of Knowledge (BPM CBOK) v3.0, ABPMP®- Association of Business Process Management Professionals
  • Guide to the Business Architecture Body of Knowledge® (Guia BIZBOK®) v4.6, Business Architecture Guild
  • Business Process Model and Notation v2.0 (BPMN v2.0)
  • ArchiMate® v3.0 Specification, The Open Group
  • TOGAF® v9.1 Specification, The Open Group
Para saber mais: 
  • Governo Eletrônico Brasileiro: https://www.governoeletronico.gov.br/ 
  • FACIN: https://www.governoeletronico.gov.br/eixos-de-atuacao/governo/interoperabilidade/governanca-e-interoperabilidade/documentos 
Quer ajudar na construção e melhoramento do FACIN? Deixe aqui as suas percepções!

No próximo artigo apresentaremos a Visão de Aplicações do FACIN! Até lá!


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