Estou participando, de 26
a 31 de outubro de 2015, da 30ª Reunião Plenária do ISO/IEC JTC 1
em Beijing, China. Durante esta reunião foi apresentado o relatório
final do grupo de estudo sobre as Cidades Inteligentes (Smart
Cities), grupo foi liderado pela China por um período de dois anos e
que, na reunião plenária do ano passado, teve seu relatório
considerado ainda incompleto e, como consequência, o grupo de estudo
teve seu tempo de vida estendido até a plenária deste ano. A
apresentação realizada por Yuan-Yuan, a líder deste grupo de
estudo, terminou sob aplausos dos países presentes à reunião e
isto foi bem significativo por ter sido a primeira vez que um
trabalho recebeu aplausos durante a semana.
No relatório, um extenso
trabalho de levantamento das diversas iniciativas sobre as cidades
inteligentes foi apresentado, com uma visão consistente de
necessidades de complemento deste trabalho com futuras normas que
possam ser criadas sob o escopo de trabalho do JTC 1. Diversas áreas
de conhecimento foram abordadas e têm propostas de continuidade para
trabalhos futuros na área de cidades inteligentes:
- Framework de TI para as cidades inteligentes, que considera os trabalhos já em andamento de várias organizações que trabalham atualmente em cidades inteligentes como, por exemplo, a própria ISO (através do ISO/TC 268), IEC, ITU.
- Ontologia de alto nível para as cidades inteligentes, que identifica os padrões para serviços comuns e integrados e propõe a criação de um guia de orientação sobre os padrões existentes que já podem ser usados no desenvolvimento de capacidades comuns e/ou compartilhadas para as cidades inteligentes
- A identificação de documentação de melhores práticas para os líderes e profissionais envolvidos na gestão e governança de cidades inteligentes, incluindo o papel de TI na criação e disponibilização de serviços centrados aos cidadãos, a inclusão de serviços de localização a serviços já existentes, a garantia da continuidade dos serviços de TI no caso de eventos ambientais de grande impacto, elaboração de e manutenção de modelos espaciais interoperáveis incluindo recursos fixos e dinâmicos, as implicações da Governança de TI no tocante à entrega de serviços e dados público/privados/comunitários e reconhecimento da necessidade de se apoiar a adoção de tecnologias potencialmente disruptivas
- Elaboração de uma proposta para a criação de um trabalho sobre os indicadores de TI relativos às cidades inteligentes, de forma a poder determinar se os recursos estão sendo usados no lugar e no momento certos, integrados aos trabalhos do ISSO/TC 268 e outros
- Levantamento das necessidades de requisitos de segurança cibernética e privacidade com foco nas cidades inteligentes
- Levantamento da necessidade de se elaborar um guia sobre a gestão automatizada de riscos em sistemas e ambientes de alta complexidade e sua relevância na aplicação em cidades inteligentes
Ao final da apresentação
do relatório, ficou claro que já existem diversas organizações
que já estão trabalhando na produção de produtos e alguns
serviços, mas que a complexidade da interação entre esses diversos
sistemas e produtos exigem de todos um grande esforço para discutir
quais são as melhores formas de interoperabilidade, integração,
gestão e governança e, mais importante de tudo, como passar essa
informação, complexa em si e mais complexa quando vista como
conjunto, para os gestores das cidades inteligentes, de forma a
habilitá-los a melhor gerir esses os resultados e o impacto que
essas tecnologias tem na qualidade de vida dos cidadãos e na
qualidade de serviços que podem ser oferecidos. Fiquei muito
satisfeito em ver também que o aspecto de continuidade de serviços
em casos de eventos ambientais também foi incluído.
Como consequência da
conclusão deste relatório, com tantos itens de trabalho propostos,
a criação de um Grupo de Trabalho (WG) para produzir o trabalho foi
proposta e aprovada pelos países presentes à reunião. Também foi
confirmada a continuidade do grupo de trabalho sobre Internet das
Coisas e do grupo de trabalho sobre redes de sensores, que agora está
expandindo sua atuação para a criação de padrões sobre sensores
submarinos.
Como sempre, fica o
alerta aos leitores do blog que temos ampla possibilidade de
participar ativamente e ser influenciadores nos trabalhos futuros
dessas áreas no âmbito do JTC 1, através de uma participação
estruturada na Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Artigo escrito por Fernando Gebara, que está em viagem.
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