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Falha como Serviço: integrar sem segurança é oferecer a chave do cofre.

     


Enquanto escrevia esse artigo dei de cara com uma notícia sobre uma falha do serviço ICloud que foi explorada por atacantes que roubaram fotos íntimas de várias atrizes de Hollywood e as publicaram na Web. Notícias como estas vêm se propagando aos montes nas últimas semanas: diversos serviços que oferecem armazenamento nas nuvens tiveram problemas sérios de segurança que os levaram a vazar dados de usuários desavisados. Exemplos são o Google Drive e o Dropbox, este último citado até por Edward Snowden como extremamente inseguro.
      
Quando falamos de termos como cloud, integração e Big Data o que vêm à mente primeiramente são as grandes vantagens da união de diferentes sistemas e informações em uma único frontend de acesso o que facilita muito o processo de extração e visualização de dados. De fato, o processo de gestão do conhecimento hoje se baseia fortemente no processo de integração das informações obtidas por data mining e outras técnicas.

Devemos, entretanto, olhar as coisas de uma perspectiva um pouco diferente. De acordo com os fundamentos básicos de segurança: quanto mais simples de se usar, menos seguro será. Claro que não é uma regra geral, mas ainda se aplica muito bem nos dias de hoje. Para simplificar o meu ponto de vista gostaria de fazer um pequeno comparativo. 

Voltemos no tempo: no início da década de 90, usávamos dezenas de produtos tecnológicos diferentes, como: máquina fotográfica tradicional, walkman, filmadora, computador, video-game e vários outros dispositivos. Se alguém invadisse a sua casa e roubasse um desses equipamentos, a filmadora por exemplo, em nada afetaria os outros. Você continuaria tendo as suas fotos, suas músicas e seus jogos normalmente. Hoje, tudo foi "integrado" em um Smartphone. Se alguém roubar então o seu celular e você não tiver backup de suas fotos, músicas e vídeos, perderá tudo. Facilitou? Sim, mas criou um único ponto de vulnerabilidade.

E essa é a grande questão. Toda integração de produtos e serviços, não só de cunho tecnológico, deve ser feita tendo como base primeiramente a segurança e não a funcionalidade. É claro que isso é uma utopia inalcançável nos dias de hoje de prazos de projetos apertados e cobranças intermináveis. Mas devemos ter um meio termo: se antes um invasor poderia causar estrago ao ter acesso à apenas uma parte dos dados, imagine agora caso ele acesse tudo de forma integrada?

Em um mundo cada vez mais conectado, em que empresas e governos tem acesso à toda vida de um cidadão online, e que serviços essenciais estão cada vez mais migrando para a nuvem, deve-se repensar toda a estratégia de segurança que utilizamos hoje. Vejo que a visão tradicionalista de métodos de proteção não está mais surtindo tanto efeito.

A grande maioria das metodologias, padrões e normas de segurança hoje focam-se na segurança do tipo passiva. É o famoso "controle isso, aplique esta regra, limite isto...". Essas técnicas são o equivalente a reforçar um castelo para aguardar um exército inimigo. Você pode reforçar o portão, aumentar os muros, colocar guardar armados no topo e colocar um fosso com crocodilos. Sempre haverá aquele indivíduo que descobrirá aquela caverna com uma passagem secreta que leva à sala do tesouro. Se o Rei deste castelo fosse um praticamente de "Segurança Ativa", a passagem já teria sido descoberta e fechada!

Proteções do tipo "façamos e imaginemos se funcionou" não mais se aplicam na atualidade. Devemos criar uma base de segurança sólida e constantemente buscar por novas vulnerabilidades de forma ativa em nossos sistemas. Somente assim podemos oferecer toda a facilidade da nuvem sem esperar grandes tempestades.




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