Um de meus companheiros de trabalho, que possui uma
competente visão integradora, Gleyner Novais colocou a lupa no artigo e foi
além: “nos falta um modelo ontológico de dados e informações de governo
(suportados por um glossário normalizado somado a metadados de negócio),
onde a taxonomia cumpre o papel de fachada de apresentação (design) para a
comunidade (Cidadãos e instituições)”.
Como
eu, ele também vê as iniciativas em curso como uma oportunidade para dar
publicidade aos serviços eletrônicos baseados em padrões de interoperabilidade,
promovendo agilidade na obtenção de informações, na interpretação e no
co-relacionamento das informações dentro do foco analítico desejado, porém
também compreende que o esforço no sentido do “entendimento comum das coisas”
ainda não alcança o estágio necessário à interoperabilidade.
Luciane
Paula Vital e Ligia Maria Arruda Café, em seu trabalho sobre Ontologias
e taxonomias: diferenças, reforçam que “a necessidade de informações
precisas e confiáveis no âmbito corporativo vem de encontro com a qualidade da
recuperação, tornando-se um grave problema, pela dificuldade de precisão.
Apresentam então, como dois sistemas de representação do conhecimento, as
ontologias e as taxonomias”.
Nesse
sentido, ressaltam que as taxonomias trabalham no sentido de organizar a
informação e/ou conhecimento, em relações hierárquicas entre os termos. Já as
ontologias, buscam estabelecer relações semânticas entre conceitos, em forma de
redes conceituais, próximas da estrutura que trabalha a mente humana.
Evidências
quanto ao uso da taxonomia são os padrões trabalhados pelo segmento Áreas
de Integração para o Governo Eletrônico, na Arquitetura
e-PING de Interoperabilidade, em especial
o eXtensible Business Reporting Language (XBRL), o Statistical Data and
Metadata eXchange (SDMX), o Strategy Markup Language (StratML) e o LexML,
utilizados internacionalmente, respectivamente, para definição e intercambio de
dados financeiro-contábeis, dados e metainformação estatística de planos e
relatórios estratégicos e de desempenho
e informações legislativas e jurídicas.
São padrões especialistas que,
podemos entender, trazem em si a visão de processos que lhes permite
desenvolver uma taxonomia própria para integração dos dados. Há dois trabalhos, entre vários, que podem
ser nominados como referência. Em relação ao XBRL destaco o que é conduzido
pela Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda; já em relação ao
LexML, destaco outro do Senado Federal.
Também
para aqueles onde ainda não foi desenvolvida uma iniciativa semelhante existe o
padrão Modelo
Global de Dados (MGD), que tem por objetivo integrar dados e processos em
uma única visão que, compartilhada entre os envolvidos, viabiliza uma
desambiguação contínua, a integridade dos dados ao longo do tempo de construção
do modelo e o amplo reuso no desenvolvimento de soluções, ou serviços
eletrônicos. O MGD é aplicado por diversos órgãos de Governo, tanto em nível de
macroprocessos que perpassam várias estruturas, como o Macroprocesso
de Planejamento, Orçamento e Finanças, como em situações restritas a uma
única instituição, podendo ser citada a Empresa Brasileira de Infraestrutura
Aeroportuária.
Quanto
a ontologia, o Vocabulário
Controlado do Governo Eletrônico (VCGE) é a iniciativa em curso no governo
desde 2004 com objetivo de “classificar qualquer conteúdo de informação
(documentos, bases de dados, mídia eletrônica, documentos em papel, etc) que
não seja classificado outra forma mais específica de indexação. O VCGE é feito
para ser consultado pelo público geral e seu processo de indexação deve ser
feito por pessoas que não são profissionais especializados (biblioteconomistas,
arquivologistas, etc).”
O
VCGE também é tratado pela Arquitetura e-PING de Interoperabilidade, no âmbito
do segmento Organização
e Intercâmbio de Informações.
Recentemente passou por uma revisão de conteúdo e mantém uma estratégia
de construção voluntária pelas partes interessadas.
Penso
que o estágio necessário à interoperabilidade seja alcançado no momento em que
taxonomia e ontologia possam se integrar, o que não está longe, porém requer um
entendimento comum pelos gestores públicos envolvidos e o conseqüente
investimento de esforços em um único sentido.
Não tenho dúvidas que é uma discussão necessária e que deva ser orquestrada,
de forma a evitar perda de foco e dispersão de esforços. Esta é uma outra oportunidade, um daqueles
desafios da interoperabilidade a serem empreendidos em nível de governo, com
reflexos para a sociedade como um todo.
Esse artigo deixa claro que o Grupo de Trabalho - Áreas de Integração para o Governo Eletrônico e seus Subgrupos estão alinhados com as demandas que estão surgindo, e em contrapartida mostra também que ainda a muito a se fazer.
ResponderExcluirA interoperabilidade é desafio que o governo precisa alcançar para prestar cada vez melhores serviços a sociedade, como o artigo cita não estamos longe de alcançar.
Precisamos de cada vez mais pessoas interessadas em discutir os padrões para conseguirmos alcançar melhores resultados.
Sim, Isabella, não há como empreender iniciativas deste porte sem que a sociedade (cidadãos, mercado e governo) esteja interessada em participar diretamente, seja das discussões, das demandas, das implementações ou das avaliações.
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